21 março 2011

O pesadelo do anjo da história

Defendo que vivemos um período de transição, entalados neste presente entre um passado que continua a ser o nosso guia cognitivo e um futuro que julgamos distante mas que já actua em nós. Em mundo anfibológico, estamos ainda reféns das categorias analíticas de ontem e por isso não vemos os indícios do futuro.
O mundo torna-se mais agreste, mais agressivo, mais rapidamente propenso à turbulência social com a velocidade das novas técnicas de comunicação. O modo capitalista de produção militariza-se mais rapidamente, mais intensamente, mais destrutivamente.
À medida que o futuro se tornar pouco a pouco visível, a militarização dos mundos, dos países e das mentes gerará intranquilidade, medo e desespero. Procurar abrigo e paz algures poderá tornar-se uma regra no planeta. O refugiado talvez venha a ter um rosto mais generalizado e premente. Os refugiados poderão dar origem a figuras jurídicas mais severas e criminalizantes nos países de acolhimento. Mas, ao mesmo tempo, poderão generalizar-se as redes criminosas de contrabando de refugiados.
Esse é apenas um cenário. Há muitos outros a ter em conta. Talvez venha a ser necessária uma reinvenção social para evitar o pesadelo do anjo da história no quadro de Paul Klee

1 comentário:

Salvador Langa disse...

O Professor disse isso na Radio Moçambique no sabado.