04 julho 2010

Postos de trabalho

Um novo ícone, uma nova magia do nosso vocabulário de neoliberalismo entusiasta: postos de trabalho. Mal surge qualquer coisa, mesmo se empresarialmente pequena, mesmo se empresarialmente obscura, logo, como uma mola, como um elástico retesado, salta a frase deste tipo: foram criados mais 300 postos de trabalho. Singular expressão esta, a dos postos de trabalho, que nada nos diz sobre quais são, realmente, as condições de vida e de reprodução social de quem é postado de trabalho.

4 comentários:

Eugénio Chimbutane disse...

Prof. Esse é mesmo um termo vazio. Se alguém monitorasse tais postos anunciados e confrontasse com o que na prática foi criado, se chegaria a conclusão de que nada ou meia dúzia deles foram efectivamente criados. Também é preciso prestar atanção no lapso de tempo entre a propaganda e a implementação. às vezes leva longos anos.

Esses postos tem sido anunciados muitas vezes nos projectos de investmento que se tem anunciado e que a maioria quase que chega a não serem implementados. Há um gap muito grande entre o volume investimento aprovado pelo CPI e o volume que realmente se torna realidade. Anualmente o CPI vai comemorando o aumento do Investimento Estrangeiro baseado no volume das aprovação, mas há que sentar também ver o que efectivamente é implementado e que no final do dia contribui para o desenvolvimento e na transformação dos tais postos de trabalho em emprego/rendimento para os moçambicanos.

Carlos Serra disse...

Efectivamente, conheço estudos sobre os fundos de investimento de iniciativa local que mostram oportunismo na publicidade feita aos "postos de trabalho".

Anónimo disse...

Caro prof. No Brasil anuncia-se estarmos a caminho do 'pleno emprego'. Na verdade, estamos a caminho do pleno subemprego; todos - quem sabe - ganhando alguma coisa para sua sobrevida. Mais palavras curiosas: emprego, renda, trabalho, serviço, ... mas tudo se resume a ter ou não condições de sobrevivência material.

Paulo; Brasil

V. Dias disse...

Mudança de nomes nao altera a realidade.

De facto o termo é novo, para uma realidade ja gasta.

"Meter vinho novo em odres velhos, o vinho sabe ao mesmo." Disse José Hermano Saraiva.

Parabéns pela autopsia do social.

PS: Perdoe-me este atrevimento, o "Bricolando o Social" caiu no esquecimento???