Os factos sociais devem ser tratados como coisas, escreveu um dia o sociólogo francês Émile Durkheim. Sem dúvida que é um princípio fascinante. O problema, porém, é que os factos não existem em si, não nascem nem medram por geração espontânea. Os factos sociais não nascem fora do social, não estão à mão de semear, não são genéticos, não correm nas nossas artérias. Não são factos porque são factos, são factos porque são sociais. A construção social (classista, nacional, étnica, religiosa, racializada, etc.) dos factos, a produção do seu sentido e da sua pertença, do seu valor e da sua utilidade - eis o facto mais histórico, mais permanente e mais conflitual da história da humanidade.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Grande Aula, Professor.
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