16 abril 2009

Mais um que escapou ao linchamento

Sucedem-se os casos de pessoas que, acusadas de roubo, escapam ao linchamento nos bairros péri-urbanos de Maputo (tal como aqui tenho reportado amiúde), como este: "Um suposto assaltante foi espancado nas primeiras horas de ontem por um grupo de residentes do bairro Inhagóia B, na cidade de Maputo, depois de ter sido surpreendido com duas tábuas supostamente roubadas numa serração daquela zona residencial. Na ocasião outros dois comparsas conseguiram escapulir-se da fúria da população cansada da constante ocorrência de roubos e assaltos protagonizados por pessoas desconhecidas."
Adenda 1 às 10:38: se e quando possível, espero aqui colocar as referências de textos alusivos a linchamentos em outros países.

4 comentários:

Anónimo disse...

prof.
Vivo numa zona suburbana(Matola Rio), onde malfeitores foram apanhados pela população encaminhados a esquadra, dias depois foram libertos pela polícia..
PS. Para dizer a população não confia nos orgãos da Justiça deste país, e muito menos da polícia pois há muita corrupção no seio destas instituições.Assim acabam fazemdo JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS!!!!!!!!!!!

Carlos Gil disse...

estas notícias - a realidade... - são horríveis. e aterroriza-me igualmente a noção de mal-menor, o espancamento vs linchamento.
acompanho o viver na medida que a distância permite, ou seja de forma deficiente por muito impressionista que seja a aguarela onde me debruçe, e na blogosfera esta é das galerias onde melhor me sento para olhar ...e pensar. interrogo-me sobre a dupla demissão que este fenómeno simboliza: o de Estado enquanto assegurador duma aceitável segurança pública e regulador social, e da sociedade que - assim o leio, na constante - "banaliza" quer o ímpeto justiceiro e o excesso radicalizado no mesmo. isto dói-me, magoa-me, e interrogo-me nos aléns inerentes e suas nascentes. poluídas? será. desde montante, daí este assustador jusante - primeira ilacção. o nascimento de "vigilantes", "vingadores", "justiceiros" tem sempre no ovo o relaxe do cu que o pariu. o aí popularmente falado "deixa andar", igual ao de cá e tantos cás e lás, sim, mas bem agravado, penso. nem sei mais que dizer. horriza-me pensar que o meu vizinho, os meus pacatos vizinhos, podem transformar-se em assassinos via um incidente criminal de pilha-galinhas ocorrido no bairro. é assustador e daí o horrível epíteto.

:(

Anónimo disse...

há uns dias (ainda esta semana) a TVM mostrou casos de pessoas que atropelam, fogem e dias depois são libertas, mesmo antes do julgamento. Outras que diziam ter dado dinheiro à policia para que os familiares fossem libertados, por terem cometido acidentes ou terem se envolvido em problemas com vizinhos. Isto é criminalidade por todos lados, a começar pelas autoridades. Assim fica dificil as pessoas confiarem nos orgãos de protecção ou da justiça!
Acho que é preciso fazer-se algo para corrigir estas situações. Se não os linchamentos não vão acabar professor! E isto é um perigo, porque posso estar a passar com uma pedra à noite, e alguem gritar que roubei e serei linchado! Este é o medo que eu tenho. Temo por mim, por meus filhos e por outros familiares... Mas também tenho medo da policia que longe de fazer o seu trabalho, so pensa em ganhar vantagens de tudo, despojando todos que pode!

Carlos Serra disse...

Estamos perante um fenómeno que, creio, se tornou endémico. Propus algumas medidas para prevenir os linchamentos quando intervi na recentemente terminada conferência sobre criminalidade, violência e linchamentos no país, vamos a ver o que vai suceder.