24 março 2015

Dhlakama e a produção de espectáculo (5)

"[...] o líder faz crer que muda ou pode mudar o mundo apenas com o poder da sua palavra" [Taguieff, Pierre-André, L´Illusion populiste, Essais sur les démagogies de l´âge démocratique. Paris: Champs/Flammarion, 2007, p. 33, tradução minha, C.S.].
Quinto número da série. Escrevi no número anterior que o estilo político de Afonso Dhlakama - líder populista, conservador, castrensemente autoritário, líder que nada tem de revolucionário - tem, por hipótese, cinco características: 1) Teatralização do papel de messias e demiurgo, 2) Ritualização do drama e do imaginário, 3) Bipolarização da política entre bons e maus, 4) Recurso permanente à linguagem castrense e 5) Especial predileção pelo castigo. Na verdade, o presidente da Renamo é um excelente encenador e ama cada vez mais apresentar-se perante um público ávido de melhoria de vida e de novidades fortes como messias profano e demiurgo, como aquele que chegou para salvar os desafortunados e criar um mundo à maneira renamiana. Com esta teatralização populista, cheia de promessas prometeicas, Dhlakama procura fazer esquecer um dos mais cruéis holocaustos da história (lembre aquiaquiaquiaquiaquiaquiaquiaqui e aqui). Se não se importam, prossigo mais tarde.

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