Terceiro número da série. Permaneço no primeiro ponto do sumário proposto aqui, a saber: 1. Contexto e dimensão do assassinato. No número anterior deixei a seguinte pergunta: foi Cistac assassinado à noite, numa rua obscura, esquecida da publicidade, carente de movimento, com um ou dois guardas sonolentos encostados ao anonimato? Não, Cistac foi assassinado de dia, numa rua duplamente importante. Que rua e duplamente importante por quê? Não é uma rua, é uma avenida, a Avenida Eduardo Mondlane. Importante, primeiro porque tem o nome do pai fundador da luta de libertação nacional, Eduardo Mondlane, ele também assassinado em 1969; segundo, porque é a avenida-mãe da cidade de Maputo, muito movimentada e cortada por ruas perpendiculares também de muito movimento. É como se, nesse contexto geográfico, os assassinos e seus mandantes quisessem passar a mensagem de que o crime precisava de um cenário fulgurante, de grande visibilidade, a mensagem de que o assassinato visava não apenas Gilles Cistac, mas todos os apologistas dos caminhos cognitivos múltiplos.
Adenda às 11:51: o que disse Lourenço do Rosário segundo a "Lusa" no "SapoNotícias" aqui.
Adenda 2 às 17:00: "A Liga dos Direitos Humanos (LDH) afirmou hoje que a Frelimo, partido no poder, deve distanciar-se de acusações relacionadas com a morte de Gilles Cistac, participando sábado na marcha da sociedade civil de repúdio pela morte do jurista." Aqui.
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