19 setembro 2011

Consumidores machos, cervejas pretas fêmeas (9)

Mais algumas hipóteses no oitavo número da série, prosseguindo no sumário proposto aqui.
5. Identidades e relações de poder. O discurso publicitário urbano procura diluir estatutos, grupos, classes e desigualdades, criando o perfil de um corpo social homogéneo capaz de comportamentos previsíveis, expressão da modernidade líquida. Porém, esse discurso não é, afinal, estrangeiro a relações e a grupos, não é exterior às relações capitalistas, às relações de poder. A sexualização do corpo feminino tem particular expressão no discurso. Sexualizar o corpo feminino é dar-lhe um destino unívoco traçado androcentricamente: o de mercadoria, perfeitamente hipostasiada no que quisermos, numa cerveja, por exemplo. Tratar o corpo feminino como o receptáculo de desejos masculinos é produto de relações de poder nas quais a mulher é retirada do seu papel de mãe e educadora e transformada em objeto sexual puro. É o efeito strip-tease, do qual falarei no próximo número.
Prossigo mais tarde.
(continua)

4 comentários:

Salvador Langa disse...

Assino por baixo.

Xiluva/SARA disse...

Mulheres são iguais apenas a sexo para muitos homens.

Abdul Karim disse...

Mas sobram sempre uns Homens Simpáticos, Respeitosos, Amantes Ardentes, e... Lúcidos.

hehehe

administrator disse...

Eu gostaria de propor o seguinte teste. Homens,vamos lá!

Imaginemos que a rapaziada de musculatura perfeita, "sx pack" de abdominais, passavam a ser os objectos sexuais da propaganda comercial. Estes seriam os corpos por quem as nossas avós, mães, tias, irmâs, primas, filhas e sobrinhas se babariam a cada anúncio na TV, rádio, outdoors, etc.

Como é que nós os homens nos sentiríamos: bem ___ , mal ___ .

Nota: Respostas racionalizadas para além do "x" necessário acima não contam.

Vamos lá. Sair da toca. Honestamente e em público.

Quero ficar para ver os resultados.