Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
30 setembro 2016
Saber simbólico
29 setembro 2016
Samora faria hoje 83 anos
Sobre a crise
28 setembro 2016
27 setembro 2016
Inscrições até 01 de Novembro deste ano
Dos mortos sem paz e ponto de agenda [7]
Sexto número aqui. Nos números anteriores procurei mostrar que somos um país produtor e sofredor de guerras, um país de mortos sem conta e sem paz. Falta abordar uma questão muito delicada: constam os mortos contemporâneos (de 1975/76 a esta parte) e a responsabilização social, da agenda de trabalho conducente à paz? Tanto quanto se pode ler na informação alusiva aos muitos encontros da comissão mista [já lá vão 20 rondas negociais], não há uma única referência a esses dois itens. Para a chamada guerra dos 16 anos e para os seus muitos mortos e estropiados, a amnistia decretada lavrou o esquecimento [em grego amnestía significa justamente esquecimento] de quem matou, feriu, destruiu e fez emigrar em massa [recorde o genocídio aqui]. Muito provavelmente e para o período actual, se e quando a paz política surgir nova amnistia entrará em vigor. Se isso acontecer, lá teremos uma vez mais os espíritos enlutados incomodando - segundo a crença popular - os vivos das mais variadas maneiras porque injustiçados com tanta impunidade.26 setembro 2016
Contas nacionais/2.º trimestre de 2016
Risco
Próximos cinco livros da colecção "Cadernos de Ciências Sociais" da "Escolar Editora"
No "Savana" 1185 de 23/09/2016, p.19
Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.25 setembro 2016
A propósito do esfaqueamento na Josina Machel [7]
Vivemos, a nível mundial, um período de transição, entalados neste presente entre um passado que continua a ser o nosso guia cognitivo e um futuro que julgamos distante mas que já actua em nós.
Neste mundo anfibológico, estamos ainda reféns das categorias analíticas de ontem e por isso não vemos os indícios do futuro. Mundo que se torna mais agreste, mais rapidamente propenso à turbulência social com a velocidade das novas técnicas de comunicação. O modo capitalista de produção militariza-se mais rapidamente, mais intensamente, mais destrutivamente.
À medida que o futuro se tornar pouco a pouco visível, a militarização dos países e das mentes gerará mais intranquilidade, medo e desespero. Procurar abrigo e paz algures poderá tornar-se uma regra no planeta.
Esse é apenas um cenário. Há muitos outros a ter em conta.
Um dos grandes riscos que corremos é acharmos normal a violência, de tanto ela manifestar-se das mais variadas formas. Acresce que, no caso da Josina Machel, pode haver outros fenómenos por estudar.
Finalmente: resta saber como introduzir a razão nos instintos e evitar as múltiplas facas da vida. Talvez aqui resida, desde sempre na história da humanidade, o centro e a aposta de todos os círculos sociais concêntricos.
24 setembro 2016
A propósito do esfaqueamento na Josina Machel [6]
Hoje, em segundos, do celular à televisão passando pelo computador, sabemos o que se passa no mundo dos riscos crescentes de todos os tipos, da violência, da precariedade e da exclusão sociais, dos atentados a trouxe-mouxe, das guerras a esmo, das carnificinas em cafés e escolas, da morte banalizada, dos medos que se espalham como que liquidamente, dos símbolos trágicos das rixas e das batalhas.
O modesto estudante que agrediu um colega com uma faca na Josina Machel não é estrangeiro a esse mundo, ele - como qualquer um de nós, por mais paroquiais que sejamos - é-lhe parte integrante, esteja ou não consciente disso.
Esse mundo de risco variado não consiste apenas de informação, mas também de formação, de modelo, de proposta. Na verdade, mundo que ao mesmo tempo informa, forma, molda, comanda e formata.
A faca do jovem era, afinal, uma faca mundial, uma bandeira da extensa modernidade problemática que vivemos.
Uma coluna semanal
23 setembro 2016
Repelidos dois ataques da Renamo
A propósito do esfaqueamento na Josina Machel [5]
O jovem armado com uma faca na Escola Secundária Josina Machel na cidade de Maputo [recorde aqui] não é o único caso de violência escolar que poderia ter sido letal. É, apenas, um exemplo entre muitos outros. Poderá ter sido permeado por uma cultura de agressividade e punição naturalizadas que, sob as mais diversas formas, habita as redes sociais físicas e digitais, as televisões e as rádios do país, tivesse disso consciência ou não. Ataques, emboscadas, sequestros, assassinatos e destruições variadas tornaram-se parte integrante e banalizada do nosso quotidiano. Com uma faca ou com uma arma de fogo, jovens há que se convencem de poder jogar o papel de heróis, determinando com crueldade - e quantas vezes com letalidade - o destino de pessoas, grupos e locais.
Em seu percurso, em sua acção punitiva, em sua agressividade com uma arma branca, o jovem da Josina Machel pode ter sido o repositório, o veículo inconsciente de uma quádrupla e interligada cultura em curso no país: cultura da violência, cultura da punição, cultura do medo e cultura da impunidade. A este nível há o drama de uma dupla determinação: os impulsos da violência multilateral deixam raízes especiais, os aguilhões. Quando julgamos que os impulsos desapareceram através de acções de profilaxia social, irrompem um dia, veementes, os aguilhões. Este é um dilema à Jano que, geracionalmente, faz parte da nossa história conflitual desde pelo menos o século XVII (aceleração do tráfico de escravos). E que, afinal, espécie de peristalto social, parece habitar por inteiro a atitude do jovem da Josina Machel, atitude que é unicamente a ponta do iceberg.
22 setembro 2016
Negócios em Moçambique
A propósito do esfaqueamento na Josina Machel [4]
A Escola Secundária Josina Machel é contígua às chamadas barracas do Museu e tem, num dos lados [através de um dos passeios e do bulevar da Rua dos Lusíadas], grande promiscuidade com chapas, desempregados e vendedores ambulantes de produtos de todos os tipos.
A interdependência entre esse mundo - do qual também devem fazer parte meliantes diversos - e os estudantes da Josina Machel é permanente e múltipla. Pode acontecer que a extrema agressividade do estudante da faca [recorde aqui] tenha raízes na interdependência zonal assinalada, tal como parecem testemunhar algumas passagens de um texto divulgado pelo matutino "Notícias" em sua versão digital de 29 de Julho deste ano:
"A falta de segurança no recinto da Escola Secundária Josina Machel, na cidade de Maputo, está a criar um ambiente de pavor entre alunos e professores, que com frequência são vítimas de assaltos e agressões por parte de marginais que transpõem a vedação. [Aliado a este facto, o consumo de álcool e drogas por parte de alguns estudantes está a tornar-se preocupante, o que tem concorrido para o aumento da insegurança, pois não raras vezes os protagonistas, na sua maioria adolescentes, depois de consumir estas substâncias são orientados à indisciplina e chegam a violentar os seus colegas.[Recentemente a Polícia da República de Moçambique (PRM) afecta à 2.ª esquadra foi solicitada pela Direcção da escola para repor a ordem, após um grupo de quatro alunos terem-se envolvido em cenas de pancadaria, paralisando literalmente o decurso normal das aulas. [Soubemos que na circunstância um dos agentes da Polícia foi vítima de agressões e sevícias quando tentava serenar os ânimos dos estudantes desordeiros. Em consequência, os alunos envolvidos, todos da 10.ª Classe, foram recolhidos para as celas da 2.ª esquadra." [aqui]
A perspectiva do centésimo andar
21 setembro 2016
Fábrica de aço em Tete
A propósito do esfaqueamento na Josina Machel [3]
Teodato Hunguana
20 setembro 2016
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