16 setembro 2016

Que diferenças devemos realmente respeitar?

Há pessoas que gostam de colocar o acento não nas clivagens sociais verticais (que dizem terem passado de moda), mas nas diferenças horizontais. Tenha-se em conta o apego ao multiculturalismo, às especificidades nacionais, culturais, filosóficas e, até, raciais. Fazer porte público de respeito pelas diferenças confere respeitabilidade progressista. Se estiverem atentos à internet, encontrarão milhares de mensagens de respeito pelas diferenças. Mas as coisas são, afinal, bem mais complicadas do que pensamos. Por exemplo, como escreveu há muitos anos Simone de Beauvoir, ao esquema "simplista" de Marx, que opunha exploradores a explorados, "se substitui um desenho tão complexo que os opressores entre si diferem tanto quanto diferem dos oprimidos, a tal ponto que esta última distinção perde a sua importância". Mas se quisermos optar pelas diferenças gerais (respeitemos as diferenças!, pedem os defensores da horizontalidade), seremos ainda confrontados com problemas graves. Por exemplo, não são diferentes os criminosos e as vítimas? Não são diferentes os torcionários e as vítimas? Então, que diferenças devemos realmente respeitar? Por outras palavras, para adaptar as palavras de George Orwell: todos somos diferentes, mas há diferentes mais diferentes do que outros.

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