03 novembro 2015

De novo da cólera nosológica à cólera social [3]

Terceiro número da série. Em Paris, no mesmo ano, o mesmo tipo de pânico, os mais pobres são os mais afectados pela doença. Cerca de 120 mil pessoas abandonaram a cidade. Extracto de uma obra: "O desespero dos pobres se mobilizou contra as classes sociais altas, logo suspeitas de ter envenenado o sistema de abastecimento de água dos trabalhadores. Assim, iniciou-se em Junho daquele ano uma série de rebeliões nas ruas de Paris contra as classes altas. A França perdeu cem mil habitantes na epidemia." (confira, a partir da página 153, aqui).
É importante reter o tipo de imputação: para os pobres, a cólera foi deliberadamente introduzida pelos detentores do saber  científico (médicos) e  pelos ricos. Uma crença objectivamente falsa tornou-se subjectivamente verdadeira. Mais importante ainda: tornou-se um processo de revisão comunitária e de avaliação das contradições e das desigualdades sociais.
[texto da imagem em epígrafe extraído do "Diário de Moçambique" digital de 27/10/2015; amplie-o clicando sobre ele com o lado esquerdo do rato]

Sem comentários: