Oitavo número da série. Escrevi no número anterior que na lógica sensorial do pensamento e da comunicação de todos-os-dias, estão social e persistentemente hospedados quatro fenómenos: simplismo, essencialismo, maniqueísmo e a-historicismo. Tendo já escrito um pouco sobre o simplismo, passo agora ao essencialismo. A virtude cardeal do essencialismo - coisa de todos nós, ao mais variados níveis - consiste em tomar comportamentos, estados e identidades por fenómenos imutáveis e auto-explicáveis. A etiquetagem social é, regra geral, o produto do essencialismo. Quando dizemos que o norte do país é matriarcal, estamos simplesmente a dizer que perderíamos o norte caso algo se desmatriarcalizasse, caso sumisse essa confortante evidência irremediavelmente natural e fagocitante. Eis uma pergunta à Georg Simmel: a partir de que efectivo os desviantes seguros ou prováveis podem ser tomados como quantidade negligenciável?
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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