Em lugar de consequência de algo ou de um conjunto de fenómenos, a violência é, frequentemente, havida como uma causa, como algo que está à cabeça de tudo. Considera-se que o ser humano tem uma dose inata de religiosidade, de piedade, de amor paternal, de ciúme sexual, de agressividade, de violência, etc. Quando queremos compreender a violência entendemo-la frequentemente no sentido em que, outrora, se explicava os efeitos do ópio pelas suas virtudes dormitivas, o vinho pelo espírito do vinho e o fogo pelas suas propriedades flogísticas. Por outras palavras: a violência explica-se com a violência, com o espírito da violência. Defende-se, então, que as pessoas são violentas porque possuem um coeficiente de violência inato, porque são violentas em si, que os homens batem nas mulheres porque são violentos, etc.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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