Nono número da série. Permaneço no terceiro ponto do sumário proposto aqui, a saber: 3. Cinco condições de paz política em Moçambique, mantendo-me no subponto 3.3. Integração dos partidos da oposição na gestão do bem comum. Perguntei no número anterior o seguinte: de que maneira os partidos políticos da oposição podem estar de acordo na gestão estatal do país sem deixarem de estar em desacordo na gestão política? O presidente Nyusi criou uma expressão política curiosa: conflito saudável, conflito que, segundo ele, pode evitar a mediocridade. Desafio nada fácil de seguir. Por quê? Num dos seus livros, Michel de Certeau escreveu que o conflito é inerente à vida social e que toda a sociedade se define pelo que exclui, que toda a sociedade se forma diferenciando-se. Formar um grupo é criar, ao mesmo tempo, estrangeiros. Uma estrutura bipolar, essencial a toda a sociedade, cria um "fora" para que exista um "entre nós"; fronteiras, para que possa existir um país interior; "outros" para que o "nós" possa tomar forma. Temos assim uma lei, a lei do grupo - asseverou Michel - que é, também, um princípio de eliminação e de intolerância. União e diferenciação crescem e marcham de par. Com a vossa permissão, prossigo mais tarde.
Nota: fico grato a todas aquelas e a todos aqueles que queiram contribuir para o tema, criticando e melhorando as linhas de visão e análise que irão surgindo aqui.
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