Não há, hoje ainda, um estudo sobre o poder simbólico da língua enquanto instrumento político, de dominação, de legitimação do poder das classes dominantes, urbanas e rurais. Fazendo uso do que escreveu Pierre Bourdieu, poderíamos dizer que trabalhamos muito na esteira de Saussure e de Chomsky, com a “leitura” técnica das línguas. Mas seria fascinante que um dia os nossos linguistas começassem a estudar de que maneira ou de que maneiras as línguas são usadas enquanto mecanismo de dominação, urbana e rural, de que maneira ou de que maneiras elas se inserem na e homologam a produção de relações sociais hierarquizadas, de que maneira ou de que maneiras as formas de dizer e de escrever reflectem o poder extenso da dominação política, de que maneira ou de que maneiras reflectem estruturas de hábitos adquiridos e enraizados pelo poder político, de que maneira ou de que maneiras elas se inscrevem, enfim, nos campos simbólicos de luta e de dominação.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Existem estudos moçambicanos em Antropologia linguística e sociolinguistica que, como tal, não são estruturalistas (seja na sua fase moderna tendo em conta as propostas de Chomsky ou na fase velha associada a linha Saussuriana). Alguns deles ja trataram da dimensão social das praticas linguísticas,por exemplo dos seus papeis e funções nos contextos politico, da justiça e da construção do estado nação (cf Firmino 2002, Mabasso 200?). Porem, precisa-se de mais estudos sobre os papeis, as funções e ideologias das praticas linguísticas no contexto das representações politicas. Mas esta lacuna não esta associada ao facto de os linguistas moçambicanos estarem apenas a seguir correntes estruturalistas. E uma problema de investigação no geral, similar ao que afecta as outras áreas inexploradas, dentre outras coisas, por falta de tempo (os investigadores estão mais tempo a tentar melhorar as suas condições de vida), de fundos para investigação,e de constrangimentos sociais e culturais....
Narciso Mahumana
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