09 fevereiro 2014

Os erros de Filipe Paúnde e vícios de análise (2)

O segundo e último número.
Percorrendo as muitas modalidades de análise do fenómeno no qual Paúnde aparece como figura central, facilmente se encontram as seguintes três: (1) psicofixação (do tipo "os erros de Paúnde"), (2) generalização normativa do comportamento partidário (do tipo "a Frelimo é assim") e (3) previsão cataclísmica de crise (do tipo "a Frelimo em risco de quebrar-se").
A psicofixação consiste na hipervalorização personalizada da posição de Paúnde, de tal modo que o secretário-geral da Frelimo surge como se fosse o responsável pela decisão tomada pela Comissão Política, como se a intransigência fosse da sua exclusiva autoria e não da Comissão Política.
A generalização normativa do comportamento partidário consiste em atribuir um sinal negativo à Frelimo como totalidade, à Frelimo indivisamente considerada para além dos 17 membros da Comissão Política.
A previsão cataclísmica de crise consiste em acreditar numa disfunção severa no seio da Frelimo, tão severa que se vatacina a fractura partidária e, até, nas opiniões mais extremas, o fim do partido.
Ora, a decisão e a intransigência são da Comissão Política, Paúnde tem sido apenas um seu veículo; a Frelimo não é um todo indiviso, como nenhum partido o é, por exemplo militantes seus desejam outros candidatos, tal como demonstram a carta endereçada ao Comité de Verificação e as páginas com candidatos alternativos nas redes sociais digitais; finalmente, posições diversas na Frelimo não são sintoma de fractura partidária, mas de crescimento da democracia interna, democracia que põe em causa decisões do tipo cesarista da Comissão Política.
Conclusão: afinal os erros não são de Filipe Paúnde em si, sejam quais foram as componentes da sua personalidade.
(fim)

2 comentários:

ricardo disse...

Pois claro.

Salvador Langa disse...

Mas não estaria o Sr Filipe a forçar a nota?