Uma hipótese: todos os seres humanos são portadores de um capital de obediência formado ao longo das suas diferentes socializações, sendo estas, regra geral, aprendizagens e interiorização de regras e de fórmulas de obediência à ordem. É por aí que se estruturam os veios de identificação e os laços afectivos primordiais: em termos freudianos, queremos ser como o nosso Pai (e, por extensão, como todos aqueles que simbolizam esse Pai e a sua autoridade: o professor, o curandeiro, o régulo, o administrador, o ministro, o escritor, etc.); mas acontece que esse processo é contrariado por um desejo de sermos o próprio Pai e, se possível, de irmos para além dele: é aqui que nasce a desidentificação primordial e a aspiração prometeica a uma neo-identificação na personagem do rebelde, do subvertor, do anómico, do produtor de historicidade. Põe-se em marcha, então, o capital de desobediência. Um mundo de motivos e de condições pode reproduzir e, até, ampliar essa neo-identificação.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Essa dicotomia dita muitas vezes as dificuldades de sucessão. Porque o imperativo de superar o Outro ultrapassa o mérito da auto-superação.
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