13 fevereiro 2014

Espírito do deixa-falar (11)

Membros da equipa, da esquerda para a direita nas caricaturas em epígrafe: Sónia Ribeiro, moçambicana, professora de Biologia, Bairro Sansão Muthemba, cidade de Tete; Carlos Serra, moçambicano, coordenador, Bairro da Polana, cidade de Maputo; Geraldo dos Santos, moçambicano, historiador, Bairro da Malhangalene, cidade de Maputo; Félix Gorane, moçambicano, advogado, Bairro do Macúti, cidade da Beira; Joseph Poisson, francês, farmacêutico, Rue des Écoles (quarteirão latino), cidade de Paris.
Geraldo dos Santos: permitam-me pegar na preocupação da Sónia e na pquenina provocação do Carlos Serra. No que me diz repeito, defendo que aquilo que ao comportamento humano diz respeito deve ser socialmente analisado. Fenómenos sociais estudam-se com fenómenos sociais. Sem dúvida que podemos considerar alguns casos patológicos que têm a ver com heranças genéticas, mas o comportamento humano no seu todo não é reduzível ao comportamento biológico em geral e ao etológico em particular. E muito menos ao patológico. A agressividade da Renamo deve ser socialmente estudada, não biologicamente. A gente da Renamo quer o que outros já têm: poder. Isso nada tem de anormal. Então, procuremos causas sociais ou, se preferirem, psicosociais, para compreendermos determinads tipos de comportamento.
Félix Gorane: defendo que nem tudo pode ser atribuído às coisas sociais, defendo que há muitos casos de criminalidade que têm a ver  com heranças genéticas. Mas não vou agora discutir isso. O meu ponto aqui tem a ver com o enquadramento judiciário do problema do banditismo de estrada que está a ocorrer no país. Nenhum país que se preze pode permitir que a lei seja tão flagrantemente posta em causa por senhores da guerra das estradas que atacam pessoas e bens, ferem e matam pessoas, destroem viaturas, assaltam postos de saúde, etc. Este é um ponto fundamental. Recorrer aos acordos de paz para justificar o banditismo de estrada é absolutamente ignóbil.
Joseph Poisson: alors todos vocês estão discutindo de forma tout à fait errada. Porquê usar du langage comme ça para esquecer que vocês em Afrique seulement sabem andar à guerre? Tout petit appétit de puissance génère immédiatement la guerre. Congo, Somalie, Ethiopie, République centrafricaine, le Mozambique, etc. Mesdames et messieurs, eis la verité. La guerre é a vossa forma de fazer de la politique.
(continua)
Adenda: a série pode também ser consultada na minha página da Academia.edu, aqui; sobre como nasceu este deixa-falar, confira um texto do Geraldo dos Santos, aqui.

1 comentário:

nachingweya disse...

O pêndulo hoje tende para o Sr Poisson. Senão vejamos: A máquina que os africanos conhecem em maior número e mestria desde a puberdade é a AK47. Não é uma charrua nem uma carroça ou bicicleta. É uma arma. Desmontam-na e montam-na todinha em pouco tempo, sabem que deve ser lubrificada para que seja eficiente na sua função,i.e, matar.
Mas Poucosconhecem a composição quimica da pólvora e da penicelina!