24 fevereiro 2014

Do lastro da Renamo à visibilidade de Muthisse (3)

O terceiro e último número de uma série com três números.
Recordo-vos duas perguntas: 1. Por que razão o processo negocial parece estar agora mais rápido e consensual?, 2. Qual a razão da crescente visibilidade de Muthisse e da aparente penumbra de José Pacheco? No número anterior, coloquei três hipóteses de resposta à primeira pergunta. Falta melhorar essas hipóteses com a referência ao "lastro da Renamo". As rondas negociais mostram que a história de Moçambique tem um lastro irremediável, a Renamo. Por que se negoceia? Porque, para usar uma imagem do "O País", a Renamo possui capital militar, hoje ainda ela mostra ser contundente a esse nível, é, portanto, susceptível de pôr em causa a gestão dos recursos naturais e os proventos internos e externos do Capital. Então, para manter o equilíbrio político do país, para assegurar a estabilidade do barco económico nacional, negoceia-se com ela. Portanto, as negociações são bem mais do que colocar lastro paritário nos órgãos eleitorais. É neste contexto que o agora ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse, também membro da delegação governamental nas negociações com a Renamo, parece ter jogado um papel acelerador. Tenho por hipótese que foi sob sua gestão e na ausência temporária de José Pacheco, chefe da delegação governamental, que começaram a surgir, com rapidez, os resultados que agora permitem dotar os órgãos eleitorais de um maior equilíbrio político entre Frelimo e Renamo. Provavelmente, Muthisse, um economista, foi mais rápido, mais hábil, mais dialéctico, mais económico em encontrar os caminhos dos acordos que permitam lubrificar as várias facetas do neo-liberalismo em curso no país e evitar, desse modo, o efeito borboleta da Gorongosa.
(fim)

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Este é um senhor sem futuro no próximo regime.