"Residentes de Cullinan, Pretória, África do Sul, levantaram-se terça-feira contra cidadãos estrangeiros, depois de um logista de origem paquistanesa ter supostamente agredido uma criança, que viria mais tarde a falecer no hospital. [A agressão terá ocorrido a semana passada. Segundo fontes, a criança um menino de 10 anos terá roubado bombons na loja de um paquistanês que o agrediu depois com o taco de golfe. O menino viria a morrer esta semana no hospital.[A comunidade, revoltada, começou terça-feira a atacar as lojas de cidadãos de origem paquistanesa. A violência estender-se-ia de imediato contra outros estrangeiros, designadamente cidadãos somalis que têm bancas nas ruas." (realce a vermelho da minha autoria, CS)
Terceiro número da série. Perguntei no número anterior se bastava um suposto roubo de rebuçados e uma agressão punitiva para gerar a "lei do grupo" e a construção colectiva, comunitária, do inimigo total. Não, não bastava e não basta, respondi. Na verdade, para que um modesto fenómeno desse tipo provoque uma convulsão social, para que gere a colectivização comportamental, é necessário que esteja ligado a uma cadeia de frustrações e de privações sistemáticas de vária ordem. Hoje ainda, milhões de Sul-Africanos vivendo nos bairros pobres, aguardam, com angústia, que a nova África do Sul pós-apartheid permita uma vida mais digna. Nesta expectativa, com sonhos frustrados, projectam regularmente sobre os estrangeiros a acusação de que estão a roubar-lhes os empregos locais, de que estão a impedir a realização local de uma vida melhor. A perseguição xenófoba chega a atingir momenos dramáticos, recorde por exemplo aqui. No próximo número escreverei um pouco sobre os "estrangeiros" socialmente construídos como "inimigo total".
Terceiro número da série. Perguntei no número anterior se bastava um suposto roubo de rebuçados e uma agressão punitiva para gerar a "lei do grupo" e a construção colectiva, comunitária, do inimigo total. Não, não bastava e não basta, respondi. Na verdade, para que um modesto fenómeno desse tipo provoque uma convulsão social, para que gere a colectivização comportamental, é necessário que esteja ligado a uma cadeia de frustrações e de privações sistemáticas de vária ordem. Hoje ainda, milhões de Sul-Africanos vivendo nos bairros pobres, aguardam, com angústia, que a nova África do Sul pós-apartheid permita uma vida mais digna. Nesta expectativa, com sonhos frustrados, projectam regularmente sobre os estrangeiros a acusação de que estão a roubar-lhes os empregos locais, de que estão a impedir a realização local de uma vida melhor. A perseguição xenófoba chega a atingir momenos dramáticos, recorde por exemplo aqui. No próximo número escreverei um pouco sobre os "estrangeiros" socialmente construídos como "inimigo total".
(continua)
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