Aos 71 anos, Eusébio morreu esta madrugada vítima de paragem cardiorespiratória. Aqui. Imagem reproduzida daqui. Paz à sua alma.
Sugestão às 13.48: o nosso governo devia decretar pelo menos um dia de luto nacional.
Adenda às 15:23: "Armando Guebuza já reagiu à morte de Eusébio, salientando que o Pantera Negra é "uma figura incontornável no desporto não só moçambicano ou português, mas mundial".
Adenda 2 às 16:09: "Perdi um amigo, Eusébio era um orgulho para o povo moçambicano» - Joaquim Chissano."
Adenda 3 às 17:51: leia este texto meu intitulado "Futebol", aqui.
Adenda 4 às 19:49: leia este trabalho de Ana Cristina Pereira intitulado "Para lá da cidade de cimento - o bairro onde cresceu Eusébio", aqui.
Sugestão às 13.48: o nosso governo devia decretar pelo menos um dia de luto nacional.
Adenda às 15:23: "Armando Guebuza já reagiu à morte de Eusébio, salientando que o Pantera Negra é "uma figura incontornável no desporto não só moçambicano ou português, mas mundial".
Adenda 2 às 16:09: "Perdi um amigo, Eusébio era um orgulho para o povo moçambicano» - Joaquim Chissano."
Adenda 3 às 17:51: leia este texto meu intitulado "Futebol", aqui.
Adenda 4 às 19:49: leia este trabalho de Ana Cristina Pereira intitulado "Para lá da cidade de cimento - o bairro onde cresceu Eusébio", aqui.
10 comentários:
Pode fundamentar a sugestão Dr?
Uma vez ouvi, em Lisboa, António Costa, do PS, dizer: "Eusébio conquistou a intemporalidade que só os imortais têm direito."
"o nosso governo devia decretar pelo menos um dia de luto nacional."
Subscrevo.
Zicomo
Eusebio da Silva Ferreira, nascido em Mocambique, Mafalala, descendente de Angolanos de Malanje, falecido portugues por adopcao e gratidao de quem o viu jogar e nele transferiu todas as frustracoes, desilusoes, medos e ilusoes que um Regime fascista, colonialista abafava a punho de ferro!
Por isso mesmo:
Deixou de ter o DIREITO de ser exclusivamente mocambicano!
Tornou-se uma lenda universal.
Se por Nelson Mandela foi possivel, usando a mesma alegacao, proclamar Luto Nacional de 7 dias. Porque nao o merecera Eusebio? Sera que e por um ser politico do nosso agrado e outro um pensador com os pes?
Porque?
Queface, creio que a postagem, as adendas e os comentários contêem a resposta à sua pergunta.
Em 1962, na final da Taça dos Campeões Europeus aconteceu uma situação curiosa. Eusébio era ainda um jovem de 19 anos, recém-chegado a Lisboa, que jogava a sua primeira final. A meio da segunda parte o jogo estava empatado (3-3). Eusébio recebe a bola do lado direito, ainda no seu meio campo, e inicia uma arrancada explosiva até ser derrubado em falta à entrada da grande-área adversária. O árbitro marca penalti. Vivia-se um ambiente de nervos e, enquanto Eusébio recupera da queda aparatosa, todos estavam com receio de marcar o penalti. Eusébio decidido quer marcar, mas a sua jovem idade ainda não lhe dá esse estatuto. Decide então interpelar o seu conterrâneo Mário Coluna, pedindo para marcar ele o penalti e fá-lo em xi-ronga, língua com a qual tem maior intimidade com Coluna. Coluna responde-lhe, na mesma língua, que há jogadores mais velhos, inclusivamente o então capitão José Águas. Coluna aproxima-se da marca de penalti enquanto Eusébio continua a insistir. Os restantes jogadores do Benfica ouvem apenas a troca de palavras mas não compreendem o conteúdo.
O resto está disponível a partir do minuto 5.44 no vídeo do jogo disponível em http://www.youtube.com/watch?v=m1tubxOCcCc:
Coluna está na marca de penalti pronto para rematar e subitamente é substituído por Eusébio. José Águas aproxima-se e diz-lhe algo. Decidido, Eusébio ganha balanço, fulmina a baliza do adversário e faz o 4-3. Minutos depois marcaria o seu segundo golo da partida, a passe de Mário Coluna (fixando o resultado final em 5-3).
A verdade é que, numa final da taça dos campeões europeus jogada em 1962, foi numa língua local de Moçambique que dois jogadores planearam aquele que foi o golo decisivo para a equipa vencedora.
João, estou por aqui e aproveito logo comentar. Eu estava então na chamada Lourenço Marques e ouvia o rádio em cima de uma cadeira(acho que um rádio Grundig) cerca das 16:30 ou 17 horas locais, não tenho como confirmar isso, nem por que estava em cima de uma cadeira. O jogo era contra a Coreia do Norte, Eusébio marcou quatro golos.
Uma outra lenda do género aconteceu num jogo entre Benfica e Sporting. Enquanto Eusébio se preparava para marcar um livre directo, o moçambicano Hilário, jogador do Sporting, formava a barreira defensiva. Eusébio diz-lhe então em xi-ronga algo como "cuidado que vais-te aleijar". Eusébio era já mundialmente conhecido pelo seu "pontapé-canhão". Continua a lenda que Hilário se desvio da barreira, por onde a bola passou até entrar na baliza.
Nessa altura eu ainda nem era nascido professor, mas já vi várias vezes imagens desse jogo com a Coreia, onde tem uma jogada que bem caracteriza Eusébio. Recebe a bola do lado esquerdo perto da linha do meio campo, arrancada explosiva, sofre sucessivas faltas (sempre sem cair) até ser brutalmente derrubado na grande área (hoje o jogador faltoso seria suspenso por vários jogos por uma entrada do género). Muito mal tratado e a coxear (mas duro, recusou o apoio do massagista, que só lhe pôde dar uma palmada de incentivo), Eusébio levanta-se e marca o penalti com um tiro indefensável, fazendo o 4-3 (o seu quarto golo no jogo). O lance começa ao minuto 2.37 neste vídeo aqui: http://www.youtube.com/watch?v=E1Zd_Jf6W2I
Eu tinha 15 anos e sofri muito com esse jogo. Há momentos vi, pela TIM, a casa na qual o Eusébio viveu na Mafalala, casa de adobe em ruínas.
Mais uma achega. Esébio tinha três pátrias: Moçambique, Portugal e o mundo. No próximo jogo, o Real Madrid jogará com braçadeiras negras em luto e homenagem pela morte do goleador que, se fosse hoje, com todo o aparato da media, teria uma projecção bem maior, mas bem maior mesmo.
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