02 janeiro 2014

A tese da descerebralização

No País das Opiniões sem Pesquisa, é frequente a tese de que o partido Z ganha votos unicamente porque há quem esteja descontente com o Partido X e tenha, além do mais, abandonado o partido Y. Por outras palavras: o partido X é suposto ser um mero produto dos problemas dos outros partidos, não tem voz própria, não tem independência suficiente para ser ele-próprio. É simples mata-borrão.
Esta tese da descerebralização tem outras veredas. Por exemplo, quando há um protesto popular imediatamente há quem defenda que o protesto tem o dedo de uma mão externa. Por outras palavras: o povo do País das Opiniões Sem Pesquisa não pensa nem sente por ele-próprio, é mera marioneta nas mãos dos maus.
Já agora, uma vereda antiga: quando da luta de libertação nacional nesse país, os colonialistas disseram e repetiram até ao fim que os libertadores eram meras marionetas nas mãos de tenebrosas mãos externas.
"Hegel observa algures que todos os grandes eventos e personagens históricos repetem-se por assim dizer duas vezes. Esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. " - passagem de um livro de Marx escrito no século XIX a propósito da história francesa, mas que, acredito, tem um valor universal - Marx, Karl, Le 18 Brumaire de Louis Bonaparte. Paris: Éditions Sociales, 1969, p. 15.

1 comentário:

nachingweya disse...

Os recentes actos políticos do tal país demonstraram que o Partido Z procedeu a uma selecção criteriosa dos seus candidatos colocando acima de tudo a potencial capacidade de servir bem do candidato. Se essa ponderação persistir e se na escolha do candidato para 2014 os interesses ' partioticos' forem superados pelo interesse Patriótico o resultado será a há muito desejada cerebralização do voto e o fim da capulanização e camisetização da consciência.