Existem vários discursos sobre a pobreza no país. Destaco quatro, muito sofisticados: o vocacional, dual, o representacional e o eclético.
No discurso vocacional, os seus produtores sustentam que a preguiça é a causa da pobreza. Se as pessoas não forem preguiçosas, podem tornar-se ricas. Pobreza e riqueza são questões que relevam da vontade individual e não de relações sociais concretas.
No discurso dual, a tese é a de que as pessoas (recurso permanente à individualidade psicologizada) tanto podem ser pobres materialmente quanto espiritualmente.
No discurso representacional, os seus defensores sustentam que a pobreza depende do ângulo de visão das "pessoas", das representações sociais (há aqui, sempre, o cuidado de evitar colocar as pessoas em grupos e classes). Então, neste caso a pobreza é mera questão de opinião.
Finalmente, no discurso eclético, argumenta-se que a pobreza tanto pertence ao estado de privação quanto ao de abundância. Neste último caso, pode-se ser pobre se não houver mecanismos que permitam adquirir bens e serviços de luxo.
Nada custa a crer que futuramente surjam iluminados a dizer que a pobreza é, afinal, uma invenção dos mal-intencionados da história.
No discurso vocacional, os seus produtores sustentam que a preguiça é a causa da pobreza. Se as pessoas não forem preguiçosas, podem tornar-se ricas. Pobreza e riqueza são questões que relevam da vontade individual e não de relações sociais concretas.
No discurso dual, a tese é a de que as pessoas (recurso permanente à individualidade psicologizada) tanto podem ser pobres materialmente quanto espiritualmente.
No discurso representacional, os seus defensores sustentam que a pobreza depende do ângulo de visão das "pessoas", das representações sociais (há aqui, sempre, o cuidado de evitar colocar as pessoas em grupos e classes). Então, neste caso a pobreza é mera questão de opinião.
Finalmente, no discurso eclético, argumenta-se que a pobreza tanto pertence ao estado de privação quanto ao de abundância. Neste último caso, pode-se ser pobre se não houver mecanismos que permitam adquirir bens e serviços de luxo.
Nada custa a crer que futuramente surjam iluminados a dizer que a pobreza é, afinal, uma invenção dos mal-intencionados da história.
2 comentários:
Mais um alto texto.
Dizem-me que Nini Satar- que deve ser pobre porque lhe falta a liberdade para adquirir bens de luxo- é afinal o dono do lixo que os tailandeses encontraram na bagagem da Monica. Provando-se esta tese e havendo no ordenamento tailandês vontade jurídica de sanar os males tão próximo da raíz quanto possível, poder-se-ia extraditar o Nini para enfrentar aquilo que a empregada está a passar? Ou o nosso Estado diria que não, que os crimes cometidos por um homem privado de liberdade são imputáveis àquele cujo dever é garantir essa privação, i.e., ao próprio Estado? Não se podendo enforcar um Estado...
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