O novo presidente do município de Quelimane, Manuel de Araújo, tem dois anos para lidar com três problemas de vulto: a bancada da Frelimo, a bancada da Renamo (ambas da Assembleia Municipal) e os munícipes. Duas bancadas potencialmente hostis ao representante do MDM, os munícipes à espera que o futuro seja mais digno. Um potencial triângulo das Bermudas para o jovem edil sem bancada partidária de apoio, edil que - hipótese minha - venceu a eleição mais como ele do que como MDM (ponto que desenvolverei na continuidade da minha série Eleições 2011 e produção de futuro) - sobre os três problemas, leia uma entrevista surgida no "Diário de Moçambique", aqui. Imagem reproduzida daqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Só lhe resta ser um hábil negociador, agludinando interesses.
Esta e a imperfeicao de base do nosso sistema politico actual. O real poder VS os pseudo-poderes locais. Desta relacao, pode-se determinar a eficiencia do sistema.
No entanto, se as eleicoes fossem uninominais, seriam efectivamente os eleitores e nao os partidos politicos quem endossaria as politicas da edilidade. E para agravar a situacao, a abstencao foi significativa. De tal sorte que, numa democracia consolidada, as eleicoes teriam sido simplesmente anuladas.
Por isso, ao meu ver, o eufemismo do Triangulo das Bermudas ajusta-se perfeitamente aos tres municipios, sobretudo em Quelimane onde o pseudo-poder e evidente. Sendo, para mim, os abstencionistas uma grande bolha de gas metano que pode, a todo o momento, afundar a edilidade local. Logo, as negociatas formais ou informais com o real poder tornam-se inevitaveis. E com elas, a corrupcao endemica, como arma de sobrevivencia politica do pseudo-poder...
Simango na Beira enfrenta tambem identico problema. Mas Simango, ao contrario de Araujo, e o proprio MDM. Espera-se que possa transmitir a Araujo alguns antidotos, que serao sempre limitados, pois nem Araujo e super-homem, nem Simango pode estar em todas. Esse e alias, o factor que diferencia a FRELIMO do resto dos partidos politicos. Pois enquanto estes ultimos sobrevivem na imagem dos seus lideres, o partido no poder, simula um culto de personalidade, que na realidade e um culto de unanimidade de muitas liderancas internas! Isto sera sempre uma vantagem relativa, desde que as liderancas nao coincidam sempre nos mesmos propositos...
Se eu pudesse dar conselhos a este jovem politico da minha geracao seria o seguinte. Rodei-se de profissionais e nao de bajuladores. De oportunidades iguais a todos no staff da edilidade. Nao crie celulas do MDM na edilidade para ocupar o lugar das outras. Acabe com todas. E crie nas bases onde estao os verdadeiros votantes. Prepare e apresente em 100 dias um plano director para Quelimane e arredores, que nao seja demagogico, mas sim pedagogico. Isto e, que ensine as pessoas a trabalhar para ganharem dinheiro e nao a rezar a espera de milagres. Avalie bem a questao do porto de Quelimane, para dar emprego e gerar divisas em servicos municipais. Aposte no turismo, para gerar divisas e dar emprego aos municipes. Promova a cultura, para alegar mais as gentes e ganhar dinheiro com taxas de consumo municipal. Convenca os doadores a ajudar-lhe a resolver o saneamento e a pavimentacao urbanos. Defenda uma linha ferrea do Porto de Quelimane ate Milange, com entroncamento em Mocuba (voce ainda me vai agradecer por isso). E nao se deixe fintar pela OJM do FIPAG!...
Pense sempre em todas pessoas do seu municipio. Depois, nas pessoas que o elegeram. E por fim, nas pessoas do partido que o escolheram para ser eleito. Todos o compreenderao.
Era o que eu faria se estivesse no V. lugar.
Presidentes sem bases nas assembleias...Se não vencem agora, são vencidos em próximas eleições...
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