09 junho 2011

Sobre ritos de iniciação (4) (Texto de A. Katawala)

Legenda: comunidade Assumane (Niassa), partida para o "isolamento"
Continuidade do texto do leitor A. Katawala, que desta maneira decidiu dar o seu contributo a propósito da minha série Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique: "O casamento é outro rito de iniciação, uma iniciação à vida a dois e agregação à nova família. O casamento é umas vezes precedido de cerimónias como o noivado e o "lobolo" praticado entre os povos do sul de Moçambique e este só acontecerá depois de respeitadas as cerimónias que o antecedem e só depois do noivo ser "aprovado" como o futuro marido e ter pago o "lobolo" aos pais da noiva. As cerimónias fúnebres são um outro ritual, o último rito de passagem em vida do Homem e marca assim o início de uma nova fase na "vida eterna". Daí que a morte não se relaciona apenas com o cadáver e o morto ainda não é considerado morto antes de celebradas as cerimónias fúnebres. Os rituais de enterro e outras cerimónias são observadas em respeito à esta separação do mundo dos vivos. O período de observância do luto e o uso de determinadas roupas e cores, o corte do cabelo em certas tradições, o período de quarentena antes de casar-se novamente, etc., etc., são ainda outras cerimónias. O "caso Quisse Mavota" ocorrido em Maputo é um exemplo de que o não cumprimento destas cerimónias pode resultar em "castigos" para o mundo dos vivos."
(continua) 

4 comentários:

Salvador Langa disse...

Espero ansiosamente que o Sr Katawala descreva as cerimónias do Niassa.

Anónimo disse...

Em regra, quando falamos em RITOS DE INICIAÇÃO femininos, damos á expressão um âmbito restrito: rituais que visam a preparação da fêmea/Mulher para a reprodução.

Sobre esta matéria sugiro uma passagem pelo site da WLSA Moçambique (Women and Law in Southern Africa).

http://www.wlsa.org.mz/?blogviewid=18&__target__

" No que às mulheres diz respeito os ritos de iniciação enroupados por um conjunto de cerimónias que indo desde as vergastadas às "beberagens", ensinam que ser mulher é ser ausente enquanto sujeito, ser mulher é ser "para o outro", ser mulher é "pacientar" a vida."
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Xiluva/SARA disse...

Muito interessante série.

jp disse...

Muito interessante. Será que vou a caminho de entender o que realmente se passa?