Extractos do editorial do semanário "Savana" de 24/06/2011, p. 6, com o título em epígrafe: "Tem havido uma tendência, em vários países libertados do colonialismo, de os protagonistas dessa luta heróica se atribuirem a si o papel de novos colonizadores, entendendo que o seu envolvimento na luta de libertação confere-lhe o direito natural de imporem a sua vontade sobre o resto da sociedade. O envolvimento na libertação do país é usado oportunisticamente como factor de negação para o surgimento de novas correntes políticas, do clamor dos despojados por uma sociedade de oportunidades iguais e de desenvolvimento colectivo. Em África, particularmente, tal pensamento e acção conduziu a novas lutas de libertação, em que os povos desses países se organizaram para desalojar os novos colonos que usurparam o seu poder. O verdadeiro significado da independência é que nunca em qualquer circunstância o ex-colonizado tenha que se perguntar sobre se está agora mais livre do que estava durante o período colonial (....) liberdade no sentido de progresso social, liberdade de ambicionar melhores condições de vida, liberdade de escolher a quem queremos que nos dirija, liberdade de viver num meio ambiente saudável, liberdade de acesso a um serviço de saúde de qualidade. Em suma, liberdade de viver com dignidade. (...) Moçambique, em tanto que nação independente, constitui ainda um projecto por realizar, (....) há um longo caminho por percorrer para que os frutos da independência cheguem para todos. E esse chegar para todos, deve ser visto (...) em função dos que ainda não os têm, que são certamente a esmagadora maioria. É nesta massa de gente que devemos dedicar o nosso pensamento à medida que levantamos as nossas taças de champagne para celebrar a passagem de mais um 25 de Junho".
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
6 comentários:
...a esmagadora maioria. É nesta massa de gente que devemos dedicar o nosso pensamento à medida que levantamos as nossas taças de champagne para celebrar a passagem de mais um 25 de Junho".
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Gente anónima, direi eu...
Ora aqui está Caro Professor uma senhora crónica, um editorial brilhante, uma forma de chegar ao coração das coisas.
Maravilhoso!!!!!!
Ora aqui esta meu caro Professor, a filosofia do POVO, pela pena de uns dos seus mais brilhantes representantes...
Que assim tem-no sido, desde sempre.
P.S.
No mesmo jornal, outros assuntos interessantes:
1- Carta Pastoral dos Bispos sobre os megaprojectos, colocando os pontos nos iis;
2- As "visoes" futuristas do suposto futuro PR de Mocambique;
3- O incontornavel Ismael Mussa na berlinda;
4- A retorica costumeira do FMI, justificando e defendendo a preservacao do nosso status-quo;
5- A segregacao urbana X luxo X lixo na Polana Canico A;
6- Mais um doador nordico com conselhos para "Ingles ver";
7- Dois fantasticos artigos de opiniao sobre o mito dos biocombustiveis e a economia Chinesa;
8- Um pouco de humor negro: "COJA reconhece atrasos!"
9- Mais stand-up comedy & cartoon no SACANA;
10 - E um valente e incisivo artigo de Opiniao sobre a cooperacao Mocambique X China (como e evidente, nunca o veremos a escrever a mesma questao em relacao a UE ou EUA...);
11- Os terriveis e demoniacos ventos Malemescos vindos da RSA;
12 - O livro de Fernando Couto sobre o GAP historico 74-75 em Mocambique (Quero ver quem ira algum dia preencher o GAP 75-86...);
13- E a novidade de se saber que o PGR, afinal ate tem um Plano Estrategico para 2011-16. Ja foi bom saber que estara desculpado ate 2016... Depois, cria-se mais um plano para corrigir o anterior plano;
Em suma, um COMBO de hors d'oeuvres para todos os publicos.
Indiscutivelmente um excelente editorial cujo horizonte não é apenas o do vosso país.
...tacas de champagne? como me surpreende esta geracao virada sem cestas basicas.Andam a fumar jatrofa o que? Champagne provavelmente so depois do verao arabe. Ai sim haveremos de ergue-las e nao mais ouviremos falaremos de tagarelas do pao nosso do quotidiano. obrigado.
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