O ex-presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo (imagem à esquerda), foi ontem detido em Abidjan por forças especiais francesas, após uma longa disputa presidencial com Alassane Ouattara. O que significa isso? Na minha hipótese, isso significa três coisas interligadas:
1. Crescente questionamento das regras e dos processos eleitorais em África. O Estado é um meio de acumulação de recursos de poder e riqueza que os concorrentes querem gerir, começando o percurso, não poucas vezes, pelas comissões nacionais de eleições. Dos votos às armas o caminho tem provado ser curto e dramático.
2. Crescente incapacidade revelada pela União Africana para monitorar e fazer-se respeitar nos conflitos locais e regionais. A União ou chega tarde ou, chegando cedo, fica a tecer e retecer, como Penélope, uma eterna peça de remendo do tipo soma não-zero.
3. Crescente ingerência de forças neocoloniais no continente africano, manifestando-se ora com armas (por exemplo, AFRICOM americana, Licorne francesa), ora com negócios (do Ocidente à China), em permamente jogo de faz, desfaz e refaz de alianças com elites locais. O economista e ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional, Alassane Ouattara (imagem à direita), tido como vencedor das eleições presidenciais na Costa do Marfim, é, creio, o próximo peão dos interesses do Capital francês.
Adenda às 6:17: sugiro devermos ser cépticos em relação às "análises" que operam com daltonismos do género Gbagbo mau/Ouattara bom. Recorde aqui.
Adenda 2 às 12:08: confira aqui.
1. Crescente questionamento das regras e dos processos eleitorais em África. O Estado é um meio de acumulação de recursos de poder e riqueza que os concorrentes querem gerir, começando o percurso, não poucas vezes, pelas comissões nacionais de eleições. Dos votos às armas o caminho tem provado ser curto e dramático.
2. Crescente incapacidade revelada pela União Africana para monitorar e fazer-se respeitar nos conflitos locais e regionais. A União ou chega tarde ou, chegando cedo, fica a tecer e retecer, como Penélope, uma eterna peça de remendo do tipo soma não-zero.
3. Crescente ingerência de forças neocoloniais no continente africano, manifestando-se ora com armas (por exemplo, AFRICOM americana, Licorne francesa), ora com negócios (do Ocidente à China), em permamente jogo de faz, desfaz e refaz de alianças com elites locais. O economista e ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional, Alassane Ouattara (imagem à direita), tido como vencedor das eleições presidenciais na Costa do Marfim, é, creio, o próximo peão dos interesses do Capital francês.
Adenda às 6:17: sugiro devermos ser cépticos em relação às "análises" que operam com daltonismos do género Gbagbo mau/Ouattara bom. Recorde aqui.
Adenda 2 às 12:08: confira aqui.
4 comentários:
Sem daltonismos. Entre cimentar o pais de Jano e reestabelecer o equilibrio no concerto regional das nacoes que OPCAO e que se deveria seguir?
Porventura se Mocambique entrasse em implosao, com uma guerra civil em Maputo, a RSA iria ficar impavida a assistir tudo?
Cada regiao do mundo tem o seu sipaio. Sempre foi assim, desde os primordios da humanidade.
Por isso, considero, que a accao francesa foi MUITO MELHOR que a da NATO na Libia.
Isso e que importa.
Parabéns à França!! Isto certamente abre um precedente novo. De hoje em diante, os cleptocrátas africanos devem se acautelar!
Afinal, Caro Professor, um triângulo tem três lados.
Não aparece ninguém para tratar do Mugabe?
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