16 abril 2011

Desmobilizados de guerra, mobilizados da história (11)

O décimo número desta série.
Escrevi no número inaugural que faz anos que jornais, blogues e redes sociais se povoam com os desmobilizados de guerra do nosso país.  Regra geral, o tema está cheio de pronunciamentos, de condenações, de ameaças, de promessas de manifestações, de cancelamentos à última da hora, de acordos prometidos, de quase acordos, de acordos supostamente desfeitos, de acordos denunciados, uma real história de amor e ódio, de fidelidade e pecado. Creio que o mais recente relato está aqui.
Escrevi em número anterior que a guerra foi como que democratizada, que a história tem novos actores reconhecidos, que os desmobilizados de guerra de ontem são os mobilizados da história de hoje. Porém - acrescentei - resta um problema: o dos heróis.
Prossigo nesta complexa questão dos heróis. Situadas na interface entre o individual e o colectivo, o racional e o impulsional, o consciente e o inconsciente, o imaginário e o discursivo, as representações sociais que aqui tenho em vista são fortemente tributárias da forma como dois partidos - designadamente Frelimo e Renamo - se inscreveram na história do país e nela tatuaram os seus modelos, os seus guias de referência, os seus heróis epónimos, os seus clichés, os seus prejuízos e os seus estereótipos.
Prossigo mais tarde.
(continua)

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