11 abril 2011

Conduta escolar+disciplina+normalização

Novas regras de conduta estão em vigor na escola Secundária Josina Machel, cidade de Maputo. Assim, segundo o jornal "O País" na sua versão digital, "As alunas estão proibidas de usar no recinto daquela instituição, mini-saias, extensões de cabelos extravagantes. As alunas grávidas estão proibidas de estudar no período diurno. Os rapazes não podem usar brincos, óculos escuros e lenços de cabeça." Para um estudo sobre a relação entre escola, disciplina e normalização baseado nas obras de Michel Foucault e Georges Canguilhem, confira aqui. Neste diário, recorde esta série minha aqui.

17 comentários:

Danilo disse...

O problema deste país é sempre o mesmo – quando não há soluções para os reais problemas, inventam-se pseudo-soluções. O problema é a indisciplina o e desempenho escolar – o que isso tem a ver com a sexualidade dos alunos? Invés de castrar os alunos porquê não introduzir a educação sexual nas escolas? Onde se debate abertamente as questões da sexualidade sem rodeios nem tabus!

Mas acima de tudo o que mais me preocupa é essa dualidade de tratamento entre rapazes e raparigas na nossa sociedade. A rapariga (mulher) penalizada por se ter deixado engravidar. Ao ser “empurrada” para o curso nocturno, ela [a rapariga] é automaticamente rotulada de “perdida” – logo, não apropriada para conviver com as outras raparigas [puras]. A minha pergunta é, o que acontece com os rapazes que engravidam as raparigas? Também vão ao curso nocturno?
Puritanismo e moralismos desnecessários – trabalhem e deixem-se de balelas

Xiluva disse...

As mulheres as mulheres as mulheres...Porquê colocá-las no período nocturno?

Fijamo disse...

Bravo Danilo.

Salvador Langa disse...

Aproveito a boleia do Professor referente a Foucault, proponho tambem a leitura do seguinte trabalho - http://www.urutagua.uem.br/005/05edu_borges.htm

Fijamo disse...

Acessando http://www.urutagua.uem.br/005/05edu_borges.htm

Carlos Serra disse...

Obrigado pelos ângulos de visão e pelas sugestões. Tal como em muitos outros campos, faltam no país estudos sobre como se constituem as matrizes disciplinares, sobre como surgem os eixos "normalizadores". Neste campo, Foucault e Canguilhem são, em meu entender, incontornáveis. Finalmente, seria para mim muito interessantes conhecer os argumentos usados na Josina Machel para produzir os interditos apresentados.

Danilo disse...

Caro professor;
Gostaria muito que o professor escreve-se algo sobre essa questão.

Agora. Acredite-me professor que as interdições não têm nada de científico/pedagógico., são resíduos dos tempos da revolução, a construção do homem novo, proletário, asséptico. É preciso confrontar essas ideias porque hoje são as escolas, amanhã passam à politicas publicas. Gentes com esses apetites abundam pelas nossas praças.

ricardo disse...

E o uniforme escolar, serve para que?

V. Dias disse...

O Danilo está com medo. Não se preocupe, Danilo, a comunidade gay / lésbica não será afectada nessa bendita "revolução".

Decisão justa, acertada e aplaudida da direcção da Escola Josina Machel.

Zicomo

Anónimo disse...

Regras equilibradas não fazem mal a ninguém: algumas pecam por tardias!

João Feijó disse...

Caro Viriato,

Confesso que fiquei intrigado com a sua contribuição. O que tem a “comunidade gay / lésbica” a ver com este assunto?

João

Danilo disse...

Lá vem o senhor Viriato com o seu tema favorito- homossexualidade. Porque será?
Leia os meus posts para ver se mencionei algo sobre gays ou lésbicas. Falei de mulheres, raparigas que serão estigmatizadas por estarem grávidas.
Revolução? Não há revolução nenhuma. Somente um bando de energúmenos que acham que ainda vivem nos anos 80, sem soluções para os problemas recorre a cosméticas.

ricardo disse...

Mas o que DIZ o regulamento das escolas publicas em Mocambique?

Nao existe?

Anónimo disse...

Concordo com o anonimo que diz que "regras equilibradas nao fazem mal a ninguem"!
Afinal vivemos numa sociedade e temos que nos respeitar. Porque as meninas tem que ir à escola de mini? e porque os rapazes de oculos escuros ou de lenço, ou de brincos? Eu, pessoalmente acho bem que a escola imponha alguns limites. Acho bem por mim e pelos meus filhos. Acho que a escola é o lugar proprio para ESTUDAR e nao para ir mostrar outros atributos. Provavelmente podem ser organizadas sessoes em que tal é possivel aos sabados (dias de convivio, onde os alunos vao brincar, jogar, festejar, etc...). Mas acho que os dias normais sao para estudar e isso exige concentração e por isso é OBRIGACAO da escola exigir disciplina. Cada coisa no seu sitio e estaremos bem melhor... O que vemos hoje pela cidade é a falta total de civismo. Cada um faz o que quer e onde quer. Se levarmos isto à escola entao nao sei mesmo para onde vamos.
ML

Anónimo disse...

Adão José, MD, PhD deixou um novo comentário na sua mensagem "Conduta escolar+disciplina+normalização":
Caríssimo professor não há algo de preocupante e transversal a todas as escolas moçambicanas de uma espécie de Burkha forçada para todas as adolescentes grávidas, que tem de estudar de noite!
Não haverá aqui uma questão de Direitos Humanos básicos a carecer de respeito... Ainda mais quando se espera que os principais sinais de abertura e modernidade venham da capital!

ricardo disse...

Qual e a motivacao para as adolescentes gravidas terem de estudar a noite?

Practica ou Moral?

V. Dias disse...

Vejo no Danilo uma preocupação ardente.

Tem medo ou receio que esta medida atinja a sua comunidade.

Mas fique descansado. A direcção da Josina Machel não vai tomar medidas contra os gays / lésbicas.

Eu nunca escondi o meu pensamento em relação a esta comunidade, e para falar a verdade, sou totalmente contra.

Como sou um fígado dentro de um mosquito, nada posso fazer. Mas há quem faça por mim, como por exemplo, o Bindi wa Mutarika, Mugabe, etc.

Já aqui contei uma vez que uma sobrinha minha tentou cair nessa e sofreu duras medidas da minha parte. De um dia para o outro voltou ao normal.

E não tenho problemas de dizer isso, é uma doença, pronto. Espero que o professor me desculpe com este comentário, mas é o que penso.

Zicomo