12 dezembro 2010

O desalmado saque

Em epígrafe, a chamada em primeira página de uma reportagem inserta no semanário "domingo" de hoje, da autoria de André Jonas, ocupando integralmente as páginas centrais 20 e 21. O cabeçalho: "A gana pelo dinheiro fácil está a "dizimar" florestas inteiras nos distritos do sul da província do Niassa. Muitos operadores com licenças simples, incluindo os furtivos, derrubam, de forma indiscriminada, todo o tipo de árvore, incluindo as de diâmetro reduzido, num acto considerado daninho ao meio ambiente". No corpo da reportagem, escreveu Jonas que pontes e estradas estão a ser "severamente castigadas" devido "ao excesso de carga que os camiões transportam todos os dias, quer seja de dia quer seja de noite". O jornalista, usando a linguagem da moda política, escreveu que o negócio "arrasta consigo muitas pessoas ávidas de resolver o problema da pobreza o mais rápido possível". Exemplo: um funcionário da secretaria do governo de Nipepe. Porém, o trabalho não faz qualquer referência aos grandes barões do saque madeireiro na "luta contra a pobreza".
Adenda: este diário possui centenas de entradas sobre o saque da madeira no país. Periodicamente, um porta-voz do governo surge a dizer que tudo está normal e que o abate está abaixo das quotas oficiais. E assim, apregoando sem parar as nossas belas riquezas naturais por explorar - adoradores da matérias-primas que somos -, vamos caminhando neste made in Mozambique onde, afinal, tudo está variada e negocialmente bem e o futuro não importa

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