Mais um pouco desta série (mapa em epígrafe do Spiegelonline aqui, pode também ver um outro mapa elaborado pelo Guardian aqui), através da qual podemos verificar quantos inesperados inquilinos habitam a democracia de rosto fulgurante.
4. WikiLeaks e ciberactivismo (continuidade deste ponto do sumário). Escrevi anteriormente que, em função dos eixos de luta ciberactiva que apresentei, há cinco perguntas a ter em conta: pode o WikiLeaks ser considerado (1) um movimento terrorista?; (2) um movimento anarquista?; (3) um movimento social?; (4) o equivalente ou o substituto electrónico dos protestos sociais clássicos de rua?; (5) traduz o movimento a transição para um novo mundo?
Tentarei de seguida responder à quarta pergunta.
Tudo leva a crer que o espaço cibernético se torna cada vez um espaço de luta, a três níveis: militar, espionagem e resistência. Este é um ano paradigmático a esse respeito.
No tocante aos dois primeiros níveis, dois exemplos entre muitos: (1) o surgimento do verme cibernético Stuxnet (cujos criadores continuam desconhecidos), aparentemente destinado a manipular sistemas de controle industrial e, em particular, a sabotar o programa nuclear do Irão, conseguindo infectar redes super protegidas; (2) o surgimento do Cyber Command, uma unidade especializada de guerreiros cibernéticos criada pelos Americanos e destinada a atacar redes de computadores em qualquer parte do mundo na protecção dos interesses americanos.
O terceiro nível está a cargo do Wikileaks, um portal a que Julian Assange, seu criador, chamou "a primeira agência dos serviços secretos do povo".
É o WikiLeaks o equivalente ou o sucedâneo cibernético dos protestos sociais clássicos de rua? Em minha opinião é, esse portal é um exemplo de resistência cibernética capaz de abranger e de interessar, por efeito bola de neve, muito rapidamente, milhões de pesssoas da crescente ciberpopulação. Mas as paisagens de protesto e resistência cibernética - num espectro indo do questionamento da pressão publicitária idiotizante ao questionamento das sofisticadas técnicas de controlo a cargo dos senhores do mundo - exigem ainda muito estudo. Por exemplo, importa estudar que tipo de ciberactores complementa hoje, na internet, os clássicos operários das ruas e os camponeses das savanas.
Prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: a qualquer momento, como é meu hábito neste diário, posso introduzir emendas no texto em epígrafe.
1 comentário:
Na mouche. Posso imaginar o que diriam Marx e Engels se tivessem de actualizar o DAS KAPITAL com base nestas novas evidencias...
Que luta de classes seria esta? Como seriam qualificados os resistentes cibernautas: pequenos-burgueses, operários, camponeses?
Eis a questão.
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