19 dezembro 2010

Notas sobre Wikileaks (8)

Mais um pouco desta série (mapa em epígrafe do Spiegelonline aqui, pode também ver um outro mapa elaborado pelo Guardian aqui).
3. Reacções.  (término deste ponto do sumário) No conjunto das reacções (deixando por agora de lado considerações sobre o portal em si), a surpresa parece ter sido a mais generalizada, a começar pela surpresa americana. Mas à surpresa colou-se, em alguns sectores, o receio, por um lado o receio americano no tocante às consequências do teor do telegramas, seja ao nível da segurança, seja ao nível do relacionamento diplomático futuro; por outro, o receio local do impacto de certas opiniões expressas por diplomatas americanos. E receio especialmente porque a natureza opinativa desses diplomatas recobre também o princípio percepcional do tipo "o que parece, é". Por outras palavras: um dado falso, uma interpretação falsa, podem gerar a falsa percepção da verdade. Finalmente, a galhofa e a negação do teor dos telegramas foram outras formas de manifestação dos visados na correspondência americana: a primeira, tomando os telegramas por brincadeiras de mau gosto; a segunda, recusando pura e simplesmente a veracidade do teor, remetendo este para o reino da irresponsabilidade e da maledicência. Estamos, então, confrontados com um fenómeno multifacético, tornado global através desse cada vez mais poderoso catalizador chamado internet. E nesse confronto cada actor assume o seu jogo de espelhos e o seu jogo de sombras.
3. WikiLeaks e ciberactivismo. Sem dúvida que o WikiLeaks joga hoje um papel importante no ciberactivismo, quase que um papel imperial pela publicidade que ganhou. Existem vários tipos de ciberactivismo. Qual o tipo do portal? (ponto do sumário ainda não terminado).
(continua)
Adenda às 9:03: como é meu hábito, a qualquer momento posso introduzir modificações no texto.

1 comentário:

ricardo disse...

Uma mentira repetida mil vezes transforma-se numa verdade (A. Hitler). Este homem e perigoso, ele acredita no que diz (J. Goebbels referindo-se a Hitler).

So que em relacao a estes telegramas caseiros, eles tem a particularidade de "MENTIR" enquanto os visados sao incapazes de "DESMENTI-LOS" claramente. Alias, uma das melhores tecnicas da mentira e torna-la muito mais proxima da verdade, o que fa-la confundir, senao mesmo aceita-la dogmaticamente. Recordando o parodoxo do Barbeiro de Russell...

"...Existe uma aldeia cujo barbeiro reúne duas condições:
1) Faz a barba a todas as pessoas que não fazem a barba a si próprias
2) Só faz a barba a quem não faz a barba a si próprio..."

O paradoxo surge quando queremos saber quem faz a barba ao barbeiro?

Se o barbeiro faz a barba a si próprio, então não pode fazer a barba a si próprio senão viola a condição expressa em 2), a que nos diz que o barbeiro só faz a barba a quem não faz a barba a si próprio. Mas se o barbeiro não faz a barba a si próprio então tem de fazer a barba a si próprio já que essa é a condição expressa em 1), a que diz que o barbeiro faz a barba a todas as pessoas que não fazem a barba a si próprias..."

A resolução do problema é simples. Russell esqueceu-se que o barbeiro em causa tem um "PAIS" onde propõe um serviço pelo qual é pago. Apenas nesta condição é que ele faz a barba a todos aqueles que não a fazem a si mesmos. Ora, assim sendo, esta condição não se aplica ao barbeiro pois ele não paga um serviço que ele faz a si mesmo (a não ser que mantenha a distinção ser humano que faz a barba e barbeiro).

Ou seja, um pensamento que na realidade não tem influência alguma na vida do barbeiro do Barbeiro, que continuara a ser o RECEPTADOR do servico.

Por isso, os factos sao teimosos (V.I.Lenin) e convictamente indesmentiveis para alguns:

http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=16&idRec=9309

Eis porque a intriga politica e um mundo sempre fascinante.