27 dezembro 2010

Notas sobre WikiLeaks (15)

Mais um pouco desta série (mapa em epígrafe do Spiegelonline aqui, pode também ver um outro mapa elaborado pelo Guardian aqui), através da qual podemos verificar quantos inesperados inquilinos habitam a democracia de rosto fulgurante.
4. WikiLeaks e ciberactivismo (continuidade deste ponto do sumário). Escrevi anteriormente que, em função dos eixos de luta ciberactiva que apresentei, há cinco perguntas a ter em conta: pode o WikiLeaks ser considerado (1) um movimento terrorista?; (2) um movimento anarquista?; (3) um movimento social?; (4) o equivalente ou o substituto electrónico dos protestos sociais clássicos de rua?; (5) traduz o movimento a transição para um novo mundo?
Tentarei de seguida responder à quarta pergunta.
Tudo leva a crer que o espaço cibernético se torna cada vez um espaço de luta, a três níveis: militar, espionagem e resistência. Este é um ano paradigmático a esse respeito.
O terceiro nível está a cargo do Wikileaks, um portal  a que Julian Assange, seu criador, chamou "a primeira agência dos serviços secretos do povo".
É o WikiLeaks o equivalente ou o sucedâneo cibernético dos protestos sociais clássicos de rua? Em minha opinião é, esse portal é um exemplo de resistência cibernética capaz de abranger e de interessar, por efeito bola de neve, muito rapidamente, milhões de pesssoas da crescente ciberpopulação. Mas as paisagens de protesto e resistência  cibernética - num espectro indo do questionamento da pressão publicitária idiotizante ao questionamento das sofisticadas técnicas de controlo a cargo dos senhores do mundo - exigem ainda muito estudo. Por exemplo, importa estudar que tipo de ciberactores complementa hoje, na internet, os clássicos operários das ruas e os camponeses das savanas.
Prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: a qualquer momento, como é meu hábito neste diário, posso introduzir emendas no texto em epígrafe.

1 comentário:

ricardo disse...

Na mouche. Posso imaginar o que diriam Marx e Engels se tivessem de actualizar o DAS KAPITAL com base nestas novas evidencias...

Que luta de classes seria esta? Como seriam qualificados os resistentes cibernautas: pequenos-burgueses, operários, camponeses?

Eis a questão.