17 fevereiro 2010

Televisão e poder simbólico (7)

Mais um pouco desta série.
Os debates são, naturalmente, um momento de conflito socializado, de conflito amortecido, politicamente benéfico. Conflito politicamente benéfico? Sim, porque permite que a oposição seja gerida através das ideias e não das armas e da destruição física (as ideias podem transportar mísseis, podem até morrer, mas a ordem social não é afectada).
Porém, não é por aí que desejo caminhar.
Se estivermos atentos aos programas de debate das nossas televisões - aí compreendidos os políticos -, verificaremos que a diversidade de interpretações é canalizada através de um mesmo modelo de aceitação das regras sociais em vigor, das condições sociais em vigor. É no molde tacticamente gerido pelos coordenadores dos programas e tacitamente aceite pelos intervenientes, que ocorre a acomodação desejada pelos gestores do poder político e económico. Essa acomodação inclui a sua metamorfose em espectáculo, em diversão inócua, em fait divers. E passa pelo regramento da palavra, pela quase uniformidade vestuária, pelo sentido do porte-se bem, etc. Neste sentido, a televisão é um dos mais possantes anestesiantes dos efeitos da crítica, mesmo quando esta surge incisiva.
(continua)

2 comentários:

ricardo disse...

Efectivamente, por essa razão os debates da STV se tornaram em autenticos estados-gerais do Regime!

Abdul Karim disse...

Professor,

se as televisoes forem contra o poder instituido... perdem os patrocinios... essas sao as regras de jogo... dos lobistas...

depois os lobistas... lobam com os doadores tambem... para continuar-se a drenar em mediocridade... tipo ciclo vicioso... volta sempre pro arranque... quando chega no fim...