12 fevereiro 2010

Televisão e poder simbólico (4)

"São tão simples os homens e obedecem tanto às necessidades presentes, que quem engana encontrará sempre alguém que se deixa enganar" (Niccolo Maquiavel)
Mais um pouco da série.
A publicidade é mais bem do que um conjunto de técnicas destinadas a convencer potenciais clientes a aceitar ideias e a comprar coisas. No caso da publicidade política, é bem mais do que um conjunto de técnicas destinadas a convencer n pessoas de que o partido X ou Y e o líder Z ou W são os mais indicados para dirigir um país.
Na verdade, a publicidade é, imanentemente, uma fábrica de ideologia e de estereótipos. A sua função básica consiste em adaptar o cidadão a uma certa ordem do mundo e a cauterizar nele os núcleos de dúvida e resistência. O objectivo último não é o de fazer pensar, mas o de ensinar a ser pensado, anestesiado.
(continua)
Pergunta: o que o leitor tem a opinar? Concorda? Discorda?

2 comentários:

Abdul Karim disse...

Concordo plenamente consigo,Professor...

...alias temos as nossas televisoes, como exemplo pratico pra estudar....

...anesteziam-nos com mediocridade... ensinam-nos a ser pensados... mediocres...

...por isso 'e que acho... que projecto de televisao com os estudantes... seria estimulante...

ricardo disse...

Para compreender o papel que joga a nossaTelevisao como meio de comunicao e persuasao de massas, seria tambem util fazer um flashback ate ao estilo inventado por Leni Riefenstahl. Vide aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Triumph_of_the_Will

E agora, um pouco da Historia da Alemanha Nazi...

A essência da propaganda consiste em conquistar as pessoas para uma idéia tão sincera, tão vital, que no final eles sucumbem a ela completamente e nunca pode fugir dela...
Propaganda não é um fim em si, mas um meio para um fim. Se os meios alcançam o fim, entao isto é bom ......... o novo Ministério não tem outro objectivo que não unir a nação por trás dos ideais da revolução nacional. (Josef Goebbels)

Em nenhum momento até 1933, o Partido Nazista ganhou a maioria dos votos nas eleições. Eles podem ter sido o maior partido político em 1933, mas eles não tinham um apoio macico entre as pessoas. Portanto, aqueles que haviam apoiado os nazistas deveriam ter sido esclarecidos, de forma correcta, que a sua escolha estava no ênfase na força do partido e da liderança. E aqueles que se opuseram ao partido nazista deveriam ser convencidos de que era inútil prosseguir com a sua oposição. O facto de que Goebbels deter, ate a queda do regime, tanto poder é um indicativo de como Hitler pensava que era importante garantir que as pessoas eram conquistadas ao longo do tempo ou intimidadas em aceitar tacitamente o regime nazista.

E evidente que qualquer realidade, com nossa semelhanca, tera sido fatal coincidencia de se saber quem seria Hitler ou Goebbels no nosso terreiro...

P.S.

Contaram-me que, certa vez, no periodo de Transicao em Mocambique, no cinema Manuel Rodrigues (Hoje Africa), passou-se uma coisa incrivel. Antes da exibicao do filme "Viver por Viver", passou como habitualmente o documentario que nesse dia, mostrava um discurso de Samora Machel as massas. Repentinamente, sem se saber com, aparece uma pelicula de Adolf Hitler a discursar tambem, mas sem som. E nao e que os gestos eram iguais? Foi um escandalo que nao sei como e que acabou. Desconfio que mal para o autor do "pequeno estudo comparativo".