09 maio 2014

Sobre a importância do importante

Ontem e hoje, jornais digitais, blogues parasitas do copia/cola/mexerica e certas páginas das redes sociais digitais ofereceram e oferecem, frenéticos, duas notícias diferentes mas decisivas: um juiz foi assassinado por gangsters em pleno dia na cidade de Maputo, ele que trabalhava com casos de raptos; no penúltimo dia do recenseamento eleitoral, Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, fortemente protegido pela sua guarda pretoriana, recenseou-se na Gorongosa, centro do país, ele que andava invisível desde Outubro do ano passado. Sem dúvida que estamos perante dois fenómenos importantes, fenómenos que saem fora da rotina. Mas a importância do importante é sempre controversa e relativa. Com alguma vontade, é possível defender que esses dois fenómenos - trágico um, inusitado outro - não são, afinal, importantes. Ou, para moderar a veemência da afirmação, são menos importantes do que estoutros dois fenómenos: o gangsterismo urbano e o senhorismo de guerra rural. Mas, também neste caso, pondo em causa a tenacidade do senso comum, é possível defender que mais importante do que tudo isso é responder às seguintes três perguntas, com pesquisa rigorosa no país, fora do habitual daltonismo opinativo e moralista dos bons/maus: 1. Quais as causas do gangsterismo urbano?; Quais as causas do senhorismo de guerra recorrente?; 3. Como desarmar as condições sociais que continuamente armam as mentes?

1 comentário:

nachingweya disse...

Uma análise- superficial, refira-se - das evidências patentes nas duas ocorrências importantes de ontem propõem o seguinte questionamento:
-Que diligência fazia o falecido juiz com mais de cem mil dolares americanos em dinheiro vivo na sua viatura?
-A facilidade com que os orgãos eleitorais do Estado atingiram as cercanias da parte incerta do país não sugere, no fim do dia, uma espécie de concertação das balizas do conflito? Como se fosse um conluio ou uma brincadeira em que o único que não recebeu convite foi o povo?

PS1:Quando se conquistou Satungira o PM disse que a casa do Sr Afonso não era lá e a lei eleitoral preconiza que nos recenseemos perto das nossas zonas habituais de residência. Quais serão as excepções a este critério que até parece consistente com a lógica?

PS2: É necessário que a sociedade se indigne com o crime. Seja ele pequeno ou grande. (A senhora que trabalha em minha casa disse-me há dias que a noite só rouba o pequeno ladrão, aquele ue só confia nas suas pernas para fugir. Os maiores roubos acontecem de dia com armas, nas horas de expediente ou nos gabinetes climatizados. Não é que tem razão?)