14 maio 2012

Dois imperativos

O nosso país precisa de se desmaputizar - eis um imperativo de natureza obviamente muito moral. Ou talvez melhor escrito: precisa de fazer novas Maputos, novos centros cosmopolitas. Quero acreditar que a cidade de Tete, por exemplo, caminha para ser uma futura Maputo. Hipótese: os minerais são a linha férrea da desmaputização.
Porém, o nosso país precisa também - segundo imperativo - de trabalhar para evitar as fracturas sociais decorrentes das cidades transformadas em centros privilegiados rodeados de periferias do salve-se-quem-puder. Hipótese: as precauções são a linha férrea do futuro.

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Ora ora Professor, poucos aceitam o primeiro ponto, mas certamente quase ninguém aceita o segundo. "Desenvolvimento".

TaCuba disse...

Falta o terceiro imperativo, o de quem toma decisões...

nachingweya disse...

Para os minerais poderem ser a linha ferrea para a replicação de Maputos em Moçambique é necessário que ocorra um exercício de planificação coerente. O que acontece é que se formos Domingo a tarde ao aeroporto de Mavalane vemos casais jovens em amuo de despedida- geralmente é o rapaz que apanha o último voo do dia para Tete. A rapariga, geralmente com um filhinho em idade escolar fica em Maputo, qual Penelope tecendo a renda durante os seguintes 15 dias. Porque?Muito provavelmente porque em Tete só há minas, não há ainda escolas com a qualidade das de Maputo.Ninguém pensou em sedentarizar estes jovens, 'sustentabilizar' ou, no contexto, 'maputorizar' Tete por via dos seus próprios recursos. Resultado: os jovens vão as minas de Tete como outros vão as minas do john. Não investem lá.
Planificação é o problema.(A proposito de sentir o país quando se planifica, na década 90 viajei de Maputo para Lichinga ao lado de um Director Nacional Adjunto de Alguma Coisa o qual atravessava o rio Save pela primeira vez nessa viagem. Era genuina a sua excitação em relação ao tamanho do país e atodas outras coisa que via pela primeira vez!Já teria decidido alguma coisa nacional?)
Quanto à segunda hipotese, a dificuldade emerge da noção do bem comum. Enquanto eu e os meus vizinhos persistirmos em investir nos nossos 4x4 em vez de melhorarmos a estrada que serve todos é porque ainda não percebemos que a nossa mansão é o covil onde nos refugiamos da periferia. É a nossa prisão.