Um enorme anúncio colocado em zona nobre do Bairro da Polana, cidade de Maputo, dá conta de que as LAM têm dois voos diários para Tete. Há dias soube que as South African Airways têm um voo diário para lá. Mas não só: até as Kenya Airways têm um voo para lá, mas ignoro a periodicidade.
Frenético movimento aéreo este, em direcção aos lucros tropicais, à quente capital dos minérios, ao poderoso reino do carvão, antiga província do Império do Mwenemutapwa, lá onde passa o majestoso Zambeze, dito Cuama nos documentos mais antigos.
E é pensando nesse frenético movimento, sobretudo em direcção ao cheiro do carvão, que me recordo de, nos tempos (saborosa expressão de uma das veredas do português moçambicano), bem recuados tempos, bem lentos, antropológicos tempos, coloniais tempos, a Tete urbana parar sempre que chegava um avião da ex-DETA, antecessora das LAM (não me lembro de quanto em quanto tempo). Era um espectáculo, era uma novidade sempre renovada que diluía o tédio e amaciava o calor dos - não poucas vezes - 42/46 graus Celsius à sombra. Ou quando, uma vez por ano, via Zambeze, chegava a canhoneira vinda do Chinde, resfolegando ante o pasmo dos jacarés esquecidos da pressa e trazendo o espantoso diferente dos cocos índicos.
Frenético movimento aéreo este, em direcção aos lucros tropicais, à quente capital dos minérios, ao poderoso reino do carvão, antiga província do Império do Mwenemutapwa, lá onde passa o majestoso Zambeze, dito Cuama nos documentos mais antigos.
E é pensando nesse frenético movimento, sobretudo em direcção ao cheiro do carvão, que me recordo de, nos tempos (saborosa expressão de uma das veredas do português moçambicano), bem recuados tempos, bem lentos, antropológicos tempos, coloniais tempos, a Tete urbana parar sempre que chegava um avião da ex-DETA, antecessora das LAM (não me lembro de quanto em quanto tempo). Era um espectáculo, era uma novidade sempre renovada que diluía o tédio e amaciava o calor dos - não poucas vezes - 42/46 graus Celsius à sombra. Ou quando, uma vez por ano, via Zambeze, chegava a canhoneira vinda do Chinde, resfolegando ante o pasmo dos jacarés esquecidos da pressa e trazendo o espantoso diferente dos cocos índicos.
2 comentários:
Ah, os velhos e pouco poluidos tempos de Tete... O anúncio da LAM parece emergir destes tempos em que dois voos diários para Tete são, em si mesmo, um feito!
O que talvez quer dizer que a LAM só ainda é porque a existência das empresas públicas moçambicanas não depende de qualquer acto de gestão ou posicionamento estratégico no mercado; são apenas um apêndice da soberania (quando falha, o Tesouro toma conta).
Reprovadas no espaço aéreo europeu,as LAM apenas nos dizem que isso não faz mal, que há mais céu fora da Europa. Não percebem que o embargo pode tornar-se interdição para os cidadãos europeus voarem nas LAM. Daí que a Kenya e a Ethiopia airways se estejam a posicionar não para competir com umas insignificantes LAM mas com a SAA partindo de Nampula e Nacala para o Mundo. Com vantagens comparativas decorrentes de distância mais curta no que respeita a Europa e Asia.
Enquanto as LAM rejubilam com o segundo voo diário para Tete onde já ninguém precisa de ir a Chingodzi para ver avião.
PS: Ao que algumas empresas públicas têm aguentado em matéria de gestão não é difícil inferir que sobreviveriam até a um Conselho de Administração directamente vindo de Marínguè.
Muito interessante este mundo das "Minerals Airways".
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