15 março 2011

Mal-estar na civilização (9)

"Todas as relações fixas e enferrujadas, com o seu cortejo de vetustas representações e intuições, são dissolvidas, todas as recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo o que era das ordens sociais e estável se volatiliza, tudo o que era sagrado é dessagrado, e os homens são por fim obrigados a encarar com olhos prosaicos a sua posição na vida, as suas ligações recíprocas."
Prosseguindo a série. O ano passado, greves gerais agitaram a Europa, multidões surgiram nas ruas. Agora, multidões manifestaram-se e manifestam-se em África e no Médio Oriente. Eis seis perguntas de fundo: (1) estamos perante um mesmo tipo de crise?, (2) se sim, que tipo de crise?, (3) que tipo de actores protesta?, (4) os protestos são contra o quê e quem?, (5) quais as características dos protestos?, (6) qual o futuro dos protestos?
Os protestos são contra o quê e quem? Os protestos são, essencialmente, contra três coisas: (1) precaridade laboral, (3) corrupção e (3) gestão estatal autoritária. Em última análise, o que está em jogo é a aspiração a um modelo social diferente, solidário e aberto.
(continua)
Adenda: o título é o de um livro de Sigmund Freud.

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