21 dezembro 2010

África enquanto produção cognitiva (6)

Mais um pouco da série.
No tocante à produção ideológoca sobre África, escrevi no número anterior que, aprisionado e manipulado o corpo, a mente foi remetida para a infantilidade, para o gregário e para a barbárie zoológica. Em última análise, África foi convertida ao reino das trevas, lá onde, afinal, a história foi declarada inexistir por - nas palavras de Hegel -, inexistir o espírito.
Efectivamente, em meu entender é num livro oitocentista de Hegel - A razão na história *- que se encontra a coluna vertebral do pensamento ocidental sobre o nosso continente, pensamento que, como procurarei mostrar na continuidade da série, subsiste hoje ainda, adoptado mesmo pelos Africanos.
Vou-me permitir resumir as ideias do filósofo alemão: de um modo geral, África vive fechada em si mesma. Mas qual a verdadeira África? A verdadeira África - nas palavras de Hegel:  África propriamente dita (sic) - é aquela que se encontra ao sul do deserto do Sara.
Prossigo mais tarde.
* Hegel, G.W.F, La razon en la historia. Madrid: Seminarios y Ediciones, S.A., 1972, pp. 265-291.
(continua)

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