14 agosto 2010

Da festa gastronómica da baleia e do elefante

Uma baleia, eventualmente já morta, deu à costa da baía de Pemba, província de Cano Delgado. Eis como o "Notícias", citado pela Rádio Moçambique, descreveu o que se passou:
"Residentes da cidade afluíram ao local logo às primeiras horas da manhã, originando uma incomum romaria a partir de todos os bairros da urbe, incluindo de Muxara, Mieze e Murrebué, postos administrativos dos distritos de Metuge e Mecufi, respectivamente. Houve instituições que tiveram que fechar as portas (...). A Polícia foi chamada para controlar a enchente (...). As pessoas não deram tempo a nenhuma voz de comando para assaltarem o mamífero, munidos de todo o tipo de instrumentos cortantes, desencadeando um processo de esquartejamento que só viria a terminar ao fim da tarde. Eram cidadãos que cortavam as quantidades de carne que precisassem (...)   ."
No século XVII, o padre António Gomes descreveu assim (mantenho o português original) o que sucedia nas comunidades zambezianas após o abate de um elefante:
"(...) mandão chamar as molheres, filhos, e mais gente de sua pouação, fazem aly casas, começa cada hu cõ sua faca a cortar, no Elefante, hus da banda de dentro, outros de fora, e as vezes se encontrão, e se cortão hus, aos outros, e não se vão daly, athe q não deixão tudo limpo (...) (Viagem q fez o Padre Ant.°Gomes, da Comp.ª de Jesus, ao Imperio de de [sic] Manomotapa; e assistencia q fez nas ditas terras de Alg'us annos, STVDIA (3),1959, separata).

2 comentários:

V. Dias disse...

Gostei mais do segundo texto.

Fez-me recordar, positivamente, às aulas de paleografia e de Portugal Medieval e também Moderna em que os professores exigiam que os alunos dominassem o português da época desses escritos e, às vezes, nos obrigando a transcrever para o actual. Não foi tarefa fácil. Vincou um 14 (vitupério à parte).

Indo para o texto, o primeiro, não é de admirar.

Um perdiz quando, por qualquer motivo no percurso do seu voo perde-se e aterra em local impróprio, nesse caso na povoação, é motivo de enorme curiosidade. Foi assim que aonteceu em Tete há muitos anos, muito recentemente em Nampula.

As histórias de C. Delgado davam uma boa crónica do meu conterrâneo e bom profissional da RM A. Valy.

Zicomo

ricardo disse...

Por isso e que considero que Historia (Universal, Mocambique, etc.), a par da Matematica e do Portugues deveria ser uma cadeira nuclear e obrigatoria no nosso ensino. Assim como se justificou a pestilenta Educacao Politica, nos periodos aureos do Marxismo-Confusionismo.

Porque faz falta!

Encontramos la muitas respostas para as perguntas que nos colocamos diariamente, inclusive neste blog. E mesmo ate, respostas sobre o que ira suceder nos tempos vindouros nesta terra.

A famosa cultura geral e na essencia, Historia escrita de maneira empirica. E ate a Biblia e para mim um tratado historico.