19 julho 2010

Os riscos do efeito borboleta social na África Austral (uma série de 2008) (7)

Esta série data de 2008. Neste momento em que Moçambicanos - como outros estrangeiros - fogem da África do Sul, temendo ser atacados, achei bem recordá-la.
O penúltimo número da série, sempre com hipóteses.                                                      
As pessoas não são em si dinâmicas ou preguiçosas. Se produzem as condições sociais em que vivem e o imaginário que as organiza simbolicamente, não é menos verdade que são, ao mesmo tempo, produto dessas condições e desse imaginário, digamos que da formatação a que aí são sujeitas.
As formas pelas quais classificamos os outros dependem de muitos factores. Regra geral a classificação não é activa, não é agressiva.
O problema surge quando o Outro (o outsider) passa da condição de ser tolerado a ser não-tolerado. No caso aqui em análise e por hipótese, o prejuízo activo e negativo sobre o Outro tornou-se tão mais agudo quanto mais os Sul-Africanos dos bairros da lata sentiram e sentem que a sua vida não melhorou. E eis aqui o que julgo ser uma chave do problema: um protesto vertical de pobre contra um Estado visto como distante foi projectado horizontalmente sobre outros pobres, pobres estrangeiros.
(continua)

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