07 abril 2017

Seteabrilemos diariamente

Hoje, 7 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana, feriado nacional, é bem mais do que um dia feminino, é bem mais do que uma efeméride nacional na qual, nós, homens, surgimos a conceder às mulheres o direito formal à existência, o direito de terem os mesmos direitos que nós, homens, hoje é bem mais do que recordar Josina Machel (à direita, estando à esquerda Marina Pachinuapa), é bem mais do que transformar a data numa inércia discursiva, é bem mais do que uma pausa nas desigualdades de género, é bem mais do que esquecer temporariamente o facto de haver no país milhões de mulheres ainda apenas mulheres, esmagadas por todo um cortejo de regras e de tabos de sujeição e de múltiplas privações que julgamos apagar no ritual comemorativo.
É bem mais ou devia ser bem mais.
Porque, afinal, Josina Machel é bem mais do que uma mulher que deu a vida pela libertação nacional. Na realidade, o simples facto de ter transgredido o universo caseiro, de ter subvertido as regras costumeiras da opacidade social, de ter contribuído a vários níveis para a libertação da pátria, deu-lhe o estatuto heróico de real produtora de relações sociais diferentes, reais, práticas, não discursivas. Esquecer isso é esquecer o real sentido da luta de libertação, luta que foi a um tempo nacional e social.
Neste dia, um abraço, um beijo, uma mão, um carinho, um respeito, uma fraternidade, uma ponte para todas vós. Nem todas as Moçambicanas sabem do 7 de Abril. Também nem todas elas, nem todas vós, o têm como seu e vosso dia. Mas façam de conta de que todos os dias é Dia da Mulher Moçambicana, dia também das Mulheres de Todo o Mundo. Então, seteabrilemos diariamente.
A luta continua por um futuro mais solidário.

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