Número anterior aqui, sumário aqui. Permaneço no segundo ponto do sumário proposto, a saber: 2. Guerrilha, mas entrando agora no segundo subponto: 2.2. Urbano-cibernética. A principal função dos ciberguerrilheiros actuando nas avenidas urbano-digitais consiste na exploração emocional intensiva dos cibernautas através da rapidez multiplicadora da ciberempatia, produzindos boatos, criando a imagem do caos social, disseminando o medo, a angústia e a indecisão, forjando situações nuns casos, ampliando-as noutros, desfigurando-as permanentemente, com a atribuição sistemática ao Estado da responsabilidade pelo que se passa, nomeadamente no campo militar. O anonimato é para os guerrilheiros cibernéticos o que a floresta é para os guerrilheiros das matas físicas: o manto protector, o esconderijo para ciberraides e ciberflagelações. A sua área de actuação privilegiada situa-se nas redes sociais em geral e no facebook em particular, com recurso permanente a perfis falsos e visando fazer chegar imagens destorcidas ao maior número possível de internautas sequiosos de certezas prontas-a-consumir. Trata-se de um pequeno ciberexército bem organizado que procura parecer numeroso nas suas ciberincursões e na diversificação dos alvos. Certos blogues do tipo copia/cola/mexerica, certas páginas do facebook, certos jornais digitais e, aqui e acolá, certas agências noticiosas, servem de altifalantes a esta guerrilha urbano-cibernética.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Esta natureza de crime de informação ganha espaço e ímpeto não pela predisposição do seu auditório mas pela sistêmica ausência de informação fidedigna sobre fenômenos e ansiedades sociais. O anonimato é consequência directa do estalinismo cultivado em Moçambique até 1992, em que a verdade oficial era doutrinária. Muitos são aqueles que sentem medo de definhar socialmente como Francisco Masquil antigo governador de Sofala.
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