Décimo primeiro e último número da série. Se nos situarmos confortavelmente em nosso sofá de eruditos, desdenhosos do pensar-de-rés-do-chão - que é, afinal, o pensar de todos nós -, diremos que estamos confrontados com formas erradas de analisar e de descrever. E como ao papel de eruditos amamos juntar o papel de reformadores, entendemos que preleções morais sobre o bom pensamento podem, de per si, levar as pessoas a pensar inteligentemente. Ora, as formas de analisar e de descrever a sociedade que aqui passaram são formas socialmente úteis de conduta. Produzir a crença é a função primeira do pensamento*. Que tipo de crença? A crença socialmente útil, a crença grupalmente útil. Em última instância é essa a verdade do conhecimento, a sua utilidade é a verdade, a sua regra de acção. E a regra de acção passa pela redução da multiplicidade à unidade, do complexo ao simples. As crenças socialmente úteis podem sobreviver às mudanças do modo de produção da vida e surgir como encontrando nelas próprias a sua razão de ser.
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* Peirce, Charles, Textes anticartésiens. Paris: Aubier, 1984, p. 291.
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* Peirce, Charles, Textes anticartésiens. Paris: Aubier, 1984, p. 291.
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