O modo de produção capitalista produz mercadorias. Mas, depois, acontece uma coisa misteriosa: as mercadorias surgem na nossa consciência como algo natural, como meras coisas, evacuadas daquilo que nelas é trabalho coagulado, trabalho morto, trabalho produzido por milhares, por milhões de pessoas, pela sua força de trabalho, pelo sobre-trabalho. Então, esse fenómeno interessante, o das coisas que parecem ter em si próprias a sua vida, a sua razão de ser, o fenómeno das mercadorias autonomizadas das relações de produção e dos produtores, encontra uma perfeita homologia nos intelectuais que se consideram autónomos das relações de produção e dos produtores, que se consideram puros cérebros independentes da ordem social que os produz como cérebros.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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