14 junho 2015

Mercadorias e intelectuais

O modo de produção capitalista produz mercadorias. Mas, depois, acontece uma coisa misteriosa: as mercadorias surgem na nossa consciência como algo natural, como meras coisas, evacuadas daquilo que nelas é trabalho coagulado, trabalho morto, trabalho produzido por milhares, por milhões de pessoas, pela sua força de trabalho, pelo sobre-trabalho. Então, esse fenómeno interessante, o das coisas que parecem ter em si próprias a sua vida, a sua razão de ser, o fenómeno das mercadorias autonomizadas das relações de produção e dos produtores, encontra uma perfeita homologia nos intelectuais que se consideram autónomos das relações de produção e dos produtores, que se consideram puros cérebros independentes da ordem social que os produz como cérebros.

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