O reassentamento - palavra despida de paixão e história - de pessoas deslocadas dos seus locais de origem e de vida parece ter-se tornado corrente no país, como se o espírito das antigas companhias majestáticas tivesse regressado. O reassentamento é bem mais do que um conjunto de mudanças, tecnicamente situadas, na vida das pessoas. É, especialmente, um deslocamento rural doloroso para fora da matriz das origens, dos familiares falecidos, do contacto propiciador com os seus espíritos, do elo simbólico com os cordões umbilicais dos nascidos cuidadosamente enterrados e propiciados. O Capital preocupa-se com lucros, não com essa inexorável morte cultural. Por isso vão engrossando as hostes dos Filemos e das Báucias não do Fausto de Goethe, mas do nosso país.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
sobre reassentamento
>>>>>como se o espírito das antigas companhias majestáticas tivesse regressado.
comentário: sem esquecer reassentamentos mais ou menos forçados para aldeias comunais (gigantes - tipo 3 de Fevereiro) em Moçambique independente.
Eugeniusz Rzewuski
Varsóvia, Polónia
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