De um texto do jornalista Carlos Cardoso, assassinado a 22 de Novembro de 2000, publicado num livro saído sob minha direcção (Serra, Carlos, Estigmatizar e desqualificar/Casos, análises, encontros. Maputo: Livraria Universitária, 1998, pp. 27-44): "Hoje, em Moçambique, o Estado está em processo acelerado de privatização por dentro. Centenas dos seus funcionários, com salários miseráveis, cobram taxas paralelas, vendem exames e notas de fim de ano, exigem somas avultadas para fazer andar a papelada, etc. Por outras palavras, o aparelho de Estado - salvo honrosas excepções - já não representa o Bem Comum. Fatias cada vez maiores deste aparelho são clandestinas nos seus actos e privadas nos seus objectivos. O Bem Comum, hoje, um pouco em todo o mundo, está melhor representado pela imprensa, por igrejas, ONGs, clubes desportivos, em suma, pela chamada sociedade civil. Aqui e um pouco por todo o mundo (a transição é global). Até no Benfica, essa capital da frescura financeira e futebolística dos anos 60, há uma profunda crise económica e de valores." Também neste diário, aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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