Sem dúvida
que é uma expressão aberrante, a do título desta postagem, uma expressão aparentemente contraditória, expressão que procura dotar a mentalidade punitória de uma concepção do
belo. Mas tenho por hipótese que há gente que sente beleza na punição, que a
anseia pela sua produção instintiva e orgiástica de prazer, que a procura
consumir regularmente como complemento da vigilância em geral e da vigilância
ideológica em particular, que a erige em guia simbólico de acção na busca
do adestramento total e final dos que são diferentes e dos que pensam para além
da superfície dos problemas e das receitas. Uma hermenêutica das medidas
punitivas propostas por certos opinadores panópticos - como, também, do seu perfil de delatores directos
ou indirectos - pode revelar que elas vão, não poucas vezes, para além do
perímetro das faltas - ligeiras ou graves - cometidas pelos infractores de
normas e leis. Torna-se necessário analisar os potenciais de violência
punitória existentes nos que, não poucas vezes, dizem combatê-la.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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