Um dia o cidadão A foi designado ministro. Antes dessa grande odisseia e tal como o geral dos seres humanos prosaicos, o cidadão A tinha uma alma horizontal. Com a grande odisseia e de forma vigorosa após ela, a alma tornou-se vertical. Nas mais insignificantes coisas, pelos mais variados pretextos, não importa em que condição e tempo, o cidadão A só podia ser sendo em cima, olhando e falando de cima. E tal como para discursar - no que ganhou gesticulado gosto - era fundamental que o fizesse em sítio absolutamente alto, com as palavras jorrando bem do alto, também não mais pôde dormir senão numa cama de base alta, bem acima do soalho, como as crianças em seus beliches. Desta forma, ao acordar de manhã, renovava o prazer de ver a sua augusta e gloriosa alma vertical vencer o pobre corpo horizontal.
Adenda às 16:24: Recordei-me de um texto satírico publicado em 1733, segundo o qual a alma é um espelho com dois lados: o plano, feito por um Deus todo-poderoso e o cilíndrico, feito pelo Demónio. O plano representa os objectos tal como eles são; mas o lado cilíndrico faz falsos os objectos verdadeiros e verdadeiros os falsos (Swift Jonathan [attribué à], L'art du mensonge politique. Paris: Jérôme Millon, 1993, pp. 32-33).
Adenda às 16:24: Recordei-me de um texto satírico publicado em 1733, segundo o qual a alma é um espelho com dois lados: o plano, feito por um Deus todo-poderoso e o cilíndrico, feito pelo Demónio. O plano representa os objectos tal como eles são; mas o lado cilíndrico faz falsos os objectos verdadeiros e verdadeiros os falsos (Swift Jonathan [attribué à], L'art du mensonge politique. Paris: Jérôme Millon, 1993, pp. 32-33).
1 comentário:
Nas nossas latitudes até o relacionamento do cidadão designado ministro com a mãe e pai biológicos ganha novos formulários e formataçoes.
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