21 agosto 2012

Apartheid não tem raça: massacre de Marikana (4)

Quarto número desta série. Cerca de 259 pessoas terão comparecido ontem em tribunal, acusados de vários tipos de crime. Aqui. Enquanto isso, mineiros e funcionários continuavam ontem em greve. Aqui. Entretanto, vários canais noticiosos e analíticos têm apresentado os mineiros por um lado como meros joguetes de dois sindicatos em luta e, por outro, como fautores de desordem, como um rio violento por natureza. Muito raros são aqueles que têm procurado situar os trabalhadores não em epítetos mas na  vida real, em relações sociais concretas, entre as margens que, afinal, os comprimem. Sobre isso, escreverei um pouco proximamente. Recorde aqui.
(continua)
Adenda: Em comunicado de imprensa, a Ordem Sul-Africana dos Advogados lamentou com grande preocupação o uso de balas reais contra os grevistas pela polícia e afirmou que os trabalhadores têm sido vítimas de uma discriminação crescente na resolução de conflitos, em particular na indústria mineira, "sintomática do estado da sociedade e da política na África do Sul". Aqui.
Adenda 2 às 6:35: os mineiros em greve têm o prazo até às 7 horas de hoje para se apresentarem ao trabalho no mina de platina da Lonmin  em Marikana. Aqui.
Adenda 3 às 14:59: "A presidência sul-africana pediu aos administradores da mina de Marikana, onde a polícia matou 34 grevistas na semana passada, a suspensão do ultimato, que termina nesta terça-feira (21), para o retorno ao trabalho." Aqui.

3 comentários:

nachingweya disse...

Marikana deve ser a pior frustração da vida de Nelson Mandela.
Como se lhe desmentissem na cara a causa pela qual ele sempre esteve preparado para viver e até morrer.
Quantos massacres mais do seu povo pelo poder estatal instituído ele terá que suportar? Como explicar as diferenças entre o ANC no poder e o ANC da luta pela liberdade?

ricardo disse...

Isto e uma vergonha. A presidencia da RSA e que implora a Lonmin? Bem, parece que o fantasma de Tiny Rowland continua a assombrar o ANC. Quanto aos mineiros, nao sera por eles terem posto a NU o paradigma das relacoes laborais na RSA nos ultimos 200 anos que todos os outros sectores os queiram desqualificar como "joguetes" politicos? Ainda que o fossem, este,quanto a mim, seria o caso em que a maxima "os fins justificam os meios" poderia ser aplicada.

Salvador Langa disse...

Capital inglês explorando músculos sul-africanos baratos com a polícia da terra a vigiar e a punir mais os dividendos da "affirmative action".